quarta-feira, 15 de março de 2017

Março 2017: o regresso

Primeiro que tudo, quero pedir desculpa aos leitores que me leem por ter desaparecido do mundo virtual, assim sem nenhuma explicação.

A verdade é que comecei a ficar assoberbada de coisas para fazer, sem tempo para me dedicar ao blogue e devo confessar que também sem muita paciência. Nos tempos livres apenas pensava em dormir, pensava e ainda penso, que continuo sem dormir noites seguidas. Mas bem, decidi retomar o blogue, numa versão mais slow. Quero apenas me comprometer a fazer uma publicação por mês, onde pretendo contar alguns avanços e recuos sobre a minha luta ecológica. Posso eventualmente fazer mais algumas publicações, mas não será esse o meu objectivo.

A minha última publicação foi no dia que o meu filho fez um ano, queria contar-vos que a festa de anos dele correu bem e sem descartáveis (só os guardanapos). Mas copos, pratos foi tudo de loiça e isso deixou-me extremamente feliz. Também fiz limonada e refresco de chá, o que diminuiu o número de refrigerantes. A comida foi quase toda feita em casa ou comprada a particulares e o número de embalagens a ir para a reciclagem foi reduzido. Fiquei verdadeiramente feliz.


Mas que mais coisas mudaram nestes três meses e meio? 

Estar afastada do blogue não significou estar afastada da sustentabilidade. E muitas foram as alterações positivas.

  • Comprar produtos biológicos: aumentei em grande número a compra de produtos biológicos, compro sobretudo frutas e legumes no mercado de agricultura biológica que é feito à 4ª feira em Cacilhas (não compro tudo biológico, mas já é um passo);
  • Levar sacos para frutas e legumes: agora levo sempre, sempre, os meus sacos reutilizados para a fruta e os legumes, mesmo quando os compro em supermercados convencionais, tiro o saco da mala e está o assunto arrumado (os moradores da casa continuam a trazer muitos sacos plásticos transparentes, já que não os consigo convencer a deixarem de utilizar, reutilizo-os);
  • Iogurtes: os iogurtes ainda são provavelmente os maiores culpados da quantidade de resíduos que vão para a reciclagem cá em casa. Então como não quero deixar de comer/beber iogurtes decidi apostar nos iogurtes em embalagem de vidro, embalagens com mais de uma dose e nos iogurtes biológicos (neste caso não pela embalagem);
  • Café: deixei de beber café na minha loja (copos de plástico) e em casa (capsulas de café). Ok já estive desesperada por café e bebi em casa. Mas a norma é ir ao café beber café. Quero aderir a outra ideia, mas ainda não aderi, a seu tempo conto;
  • Roupa do bebé: estou constantemente a precisar de comprar roupa para o Luís, neste caso e com todo o problema da indústria têxtil do mundo, decidi algumas coisas, nomeadamente baixar consideravelmente a roupa que lhe compro nova (não estou a dizer que nunca mais irei à H&M). Mas decidi começar a pedir roupa usada às pessoas que conheço, depois quando ele precisar de roupa antes de tudo, tentar comprar em 2ª mão (as lojas Kid to Kid têm sido uma grande opção). Quando posso, tento comprar roupa ecológica que infelizmente é carissima, mas em saldos já comprei algumas peças nesta loja;
  • Sumos e refrigerantes: acabei de vez com a compra de refrigerantes e sumos, ter em casa para quando nos apetece dá sempre mais vontade de beber, se um dia tenho mesmo vontade vou à mercearia comprar, é mais caro, mas ter de me deslocar para comprar faz-me ver se realmente tenho vontade (só aconteceu uma vez que estava muito mal disposta e sentia que precisava de beber 7up). Se almoçar ou jantar fora e me apetecer um sumo, bebo um néctar que é em garrafa de vidro;
  • Destralhar e a minha roupa: finalmente ganhei coragem e destralhei grande parte do meu roupeiro, separei imensas coisas que já não usava (algumas há uns dez anos), é verdade que me servem, mas se em dez anos usei uma ou duas vezes, será que preciso delas? Não! Como a maioria já estavam bastantes gastas enviei para a minha tia para os trabalhos em agricultura (para o que quiserem, mas sobretudo com esse fim). No entanto, havia coisas em muito bom estado que consegui oferecer e que sei que vão ser bastante usados. Devo acrescentar que também ofereci a minha saia dos escuteiros, a qual já tem uns 17 anos. Isso mesmo, 17 anos a ocupar uma gaveta, já a podia ter dado antes, talvez tivesse dado jeito a alguém. Dei também os lenços e echarpes que eram da minha mãe, eu guardava-os como recordação, mas estavam escondidos no fundo de uma gaveta, dei a uma tia que adora essas coisas e fiquei feliz de a ver a usar estas coisas que eram da minha mãe, acho que assim os verei mais do que quando estavam no fundo da gaveta.

Acho que estas foram as minha principais alterações nos últimos meses, mas ainda estou em processo de destralhar, não só a roupa, mas tudo. Mas com duas grandes máximas: o objectivo do destralhe é encontrar novo dono para as coisas, todas as compras que fizer de roupa têm de ser muito bem pensadas. Preciso disto? Vou usar isto?

Comecei também recentemente a ler o livro Desperdício Zero ainda estou no início, mas já me está a inspirar. Às vezes tenho a sensação que não estou a ler nada de novo, nada que já não soubesse, mas ao ler dá-me energia para continuar a tentar reduzir o lixo.

E por falar em reduzir o lixo, nestes meses, tive mais ou menos noção do volume de resíduos que envio para a reciclagem dos plásticos, é cerca de um saco de 50L por semana. Enfim, podia ser pior, mas podia ser melhor. Neste momento, é nisto que quero trabalhar, na redução deste número (não sei se vai ser fácil porque não vivo sozinha e acho que nos devemos respeitar). Mas, o objectivo passa então por comprar mais coisas a granel, levando os meus sacos e por ter sempre atenção à embalagem.


Como escolher as embalagens?
Dependendo dos produtos, preferir vidro ou papel:

  • O vidro porque é facilmente reutilizável, sem libertação de toxinas e porque é 100% reciclável;
  • O papel porque é biodegradável.

Se as opções forem entre o metal e o plástico, embora o metal tenha associado o problema da extracção de minério, devemos preferir o metal ao plástico, afinal o metal é reciclável "nele próprio", uma lata pode novamente ser uma lata, enquanto um produto plástico raramente se consegue voltar a transformar no mesmo produto. O que significa que para alguns tipos de produtos de plástico temos de recorrer sempre a matérias-primas virgens. Além disso, não esquecer da quantidade de plásticos que facilmente se partem e se dispersam pelo ambiente.

Por falar nisso, no outro dia o meu pai lavrou a terra e depois eu fui semear girassóis e enfim, a quantidade de bocadinhos minúsculos de plásticos são imensos. Alguns podem ser por algum desleixo, mas a maioria não, a maioria devem-se certamente a plásticos que voam de um lado para o outro. A solução podemos dizer que passa pelas pessoas terem mais cuidado e porem sempre tudo na reciclagem, mas sinceramente acho que mesmo que todas as pessoas fossem cumpridoras, haveria sempre este problema, mesmo que a menor escala. A solução passa, sem dúvida, por comprar o menos número de plásticos possíveis, por exemplo em vez de molas de roupa de plástico, comprar molas de roupa de madeira. Se uma mola de roupa de madeira cair no solo, mais cedo ou mais tarde, desfaz-se, entranha-se no solo e é parte dele. No plástico, não é assim.
E aqui está uma revisão dos meus últimos três meses. Agora que melhorou o tempo e voltei a ir buscar o Luís à creche a pé, antes de chegarmos a casa damos uma volta maior e apanhamos muitos plásticos pelo caminho. Ontem foi dia de apanhar pacotes de iogurte e latas de Ice Tea. Grão a grão enche o ecoponto o papo.

Mas esqueci-me de dizer, o pior destes meses que estive afastada do blogue: as fraldas de pano estão paradas, enfim, muita roupa para lavar e para estender, dias de chuva e a máquina de secar avariou. Ao menos as toalhitas reutilizáveis continuam de pedra e cal. Mas as fraldas, este Inverno foram um fiasco. Sou ecológica, mas às vezes nem tanto.

Até Abril, boas práticas ecológicas e vamos todos lutar por um mundo em que os nossos filhos possam andar com as mãos na terra. A estrela vermelha não foi escolhida ao acaso.

Imagem própria

6 comentários:

  1. Boas novidades e sugestões! Obrigada por voltar a escrever. Felicidades!

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    1. Obrigada eu, por continuarem desse lado. E mais uma vez um pedido de desculpa.

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  2. Para os iogurtes deixo uma solução, conheci há pouco tempo os "iogurtes infinitos", tenho um tipo, o viili, que fermenta à temperatura ambiente, não é nada ácido (apenas viscoso...). Para o fazer basta pegar em três colheres de sopa de um iogurte já pronto (viili,logicamente) colocar em 200 ml de leite gordo "do dia" e deixar a fermentar. Ainda tenho em casa alguns "normais" mas quando acabarem fico-me pelo viili (tenho é de descobrir uma forma de aromatizar para os miúdos, já triturei com morangos e eles gostaram).

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    1. Olá Maria
      Comecei hoje a fazer os meus iogurtes,espero que corram bem, neste momento estão a fermentar. No entanto, sei que não vou conseguir fazer sempre, mas todos os que faça em casa são sempre uma poupança de recursos

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    2. Não sei que tipo de iogurtes fazes, eu falei nestes porque para além de serem saborosos, são práticos de fazer, não precisam de iogurteira e têm a vantagem de serem um alimento probiotico

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