No dia 10 de Maio, nesta publicação pedi a que os leitores respondessem a um inquérito sobre os hábitos ecológicos em crianças, ou seja, se os pais e principais cuidadores têm preocupações ambientais nas escolhas diárias que fazem na vida dos seus filhos.
Desde já e tal como referi na altura, este inquérito não pretende ser uma amostra fidedigna da sociedade, uma vez que para tal teria de ter uma amostra bastante heterogénea e como devem calcular quem vem a um blogue sobre questões de sustentabilidade responder a um inquérito é desde logo uma pessoa com algumas preocupações ambientais. Por isso, infelizmente, tenho a noção que esta amostra está muito enviezada. É pena.
Para concluir, tive 48 respostas ao inquérito, mas a pergunta se tinha filhos era uma pergunta de despiste que não permitia que se continuasse o inquérito, por isso decidi não considerar três inquéritos. Assim, apenas serão avaliadas as 45 pessoas que responderam ao inquérito completo.
Os inquéritos foram respondidos entre o dia 10 de Maio e o dia 19 de Maio.
1ª Parte do Inquérito: Perfil dos inquiridos
Primeiramente, gostaria de revelar que todas as pessoas que responderam a este inquérito são mulheres.
Relativamente à idade, 66,7% das inquiridas estão na faixa etária entre os 26 e os 35 anos, 20% das inquiridas na faixa etária entre os 36 e os 45 anos e 13,3% estão no intervalo de idade dos 18 aos 25 anos.
No que se refere aos filhos, 57,8% das inquiridas tem um filho, 33,3% têm dois filhos, 4,4% têm três filhos e outros 4,4% têm entre quatro a oito filhos. Relativamente à idade dos mesmos, 19 inquiridas têm filhos com menos de um ano, 22 inquiridas têm filhos com idades entre os 1 e os 3 anos, 2 inquiridas tem filhos com idades entre os 4 e os 5 anos, 11 inquiridas têm filhos entre os 6 e os 10 anos, e para finalizar 2 inquiridas têm filhos com idades entre os 11 e os 15 filhos.
Relativamente à residência, 93,3% das pessoas que responderam vivem em Portugal, 4,4% noutro país europeu e 2,2% no Brasil.
Quando questionadas sobre como consideram a sua preocupação ambiental numa escala de 1 (nula) a 5 (muito elevada): 2,2% das inquiridas consideraram que a sua preocupação é de 2 (reduzida); 24,4% consideraram que a sua preocupação é de 3 (média); 35,6% consideram que a sua preocupação é de 4 (elevada) e 37,8% consideram que a sua preocupação é de 5 (muito elevada).
Em suma, o perfil das inquiridas é o seguinte:
Mulher, entre os 26 e os 35 anos, residente em Portugal, um filho com idade inferior a 3 anos e com uma preocupação ambiental de elevada a muito elevada.
Neste parte do inquérito foram feitas várias perguntas com o objectivo de perceber se as inquiridas optam por solução mais ecológicas.
Relativamente às fraldas...
Imagem própria
Neste caso, podemos concluir que quem usa das duas fraldas prefere as reutilizáveis (37,8%), mas existem muitas inquiridas que nunca usaram fraldas reutilizáveis (33,3%). A opção de usar unicamente fraldas de pano foi escolhida por apenas 17,8% das inquiridas.
No total, de forma mais ou menos regular, 66,7 das inquiridas usam ou já experimentaram as fraldas reutilizáveis (a opção mais ecológica).
Relativamente às toalhitas...
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Imagem própria |
Neste caso, 31,1% das inquiridas usa apenas toalhitas descartáveis, seguindo-se 24,4% das inquiridas que usam dos dois tipos de toalhitas, mas preferem as reutilizáveis.
No total, de forma mais ou menos regular, 51,1% das inquiridas usam ou já experimentaram as toalhitas reutilizáveis (a opção mais ecológica).
À pergunta dirigida apenas às inquiridas que não usaram fraldas e toalhitas reutilizáveis, "Qual o motivo porque não usou fraldas ou toalhitas reutilizáveis?" a qual foi respondida apenas por 13 inquiridas. As respostas mais escolhidas foram:
- Trabalho associado a estes produtos (4 inquiridas)
- Desconhecimento sobre os produtos (3 inquiridas)
Relativamente aos produtos de higiene que as inquiridas escolhem para os filhos, nomeadamente se costumam escolher produtos ecológicos, tendo sido dado uma escala de 1 (Nunca) a 5 (Sempre). As opções 4 (que corresponde a Muitas vezes) e 5 (Sempre) reuniu 55,5%, seguindo a opção 3 (às vezes) com 22,2% das respostas. Neste caso, podemos concluir que nos produtos de higiene, a maior parte das inquiridas faz escolhas ecológicas.
Relativamente à alimentação de crianças com idade inferior a 1 ano, as quais as escolhas mais saudáveis e ecológicas (menor produção de resíduos e de processos industriais) deve passar por escolhas caseiras. Podemos ver que a maioria das inquiridas escolhe sobretudo opções saudáveis e, consequentemente, mais amigas do ambiente.
Nos gráficos abaixo podem ver as escolhas das inquiridas no que se refere às papas.
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Esta categoria foi aquela em que a opção mais saudável (papas caseiras) não se evidencia tanto relativamente à opção menos saudável (papas comerciais). Quando comparamos as opções relativas à fruta inteira e/ou triturada e sopa versus boiões comerciais, apercebemo-nos melhor que quase todas as inquiridas preferem as opções mais saudáveis e consequentemente mais amigas do ambiente. A opção fruta inteira ou triturada é dada frequentemente por mais de 30% das inquiridas, a mesma percentagem que diz dar frequentemente sopa caseira. Por sua vez, os boiões de fruta comerciais nunca foram escolhidos como opção frequente, sendo que praticamente 50% das inquiridas refere que nunca escolheu este tipo de alimento para os filhos.
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No que se refere à roupa e brinquedos, à pergunta "O faz com os brinquedos, roupa e acessórios das crianças que já não são utilizados" (era uma pergunta de resposta fechada, na qual se podia escolher mais do que uma opção) as inquiridas responderam da seguinte forma:
- 82,2% - Dão a pessoas conhecidas ou instituições;
- 75,6% - Guardam para filhos mais novos;
- 26,7% - Deita fora quando estão em muito mau estado;
- 20% - Vende em segunda mão;
- 13,3% - Guarda sem destino aparente.
A opção "deita fora, independemente do estado" não foi escolhida por ninguém, o que é bastante positivo. Houve ainda uma resposta na opção outro que referia que emprestava. No fundo, mais uma vez a maioria das inquiridas opta por reutilizar as coisas, o que é sem dúvida uma mais-valia ambiental.
Ainda, no mesmo âmbito, à pergunta "Se costuma comprar roupa, brinquedos e acessórios em 2ª mão", numa escala de 1 (Nunca) a 5 (Frequentemente), as respostas foram as seguintes:
- 1 (Nunca): 8,9% das inquiridas;
- 2: 15,6% das inquiridas;
- 3: 31,1% das inquiridas;
- 4: 31,1% das inquiridas;
- 5 (Frequentemente): 13,3% das inquiridas
Neste caso, compreende-se que as compras em segunda-mão se estão a tornar mais comuns entre as recentes mamãs, o que é sem dúvida uma grande vantagem ambiental.
No entanto, quando questionadas sobre a preocupação com a origem e matérias-primas das roupas e brinquedos, se escolhe produtos produzidos em áreas geográficas próximas e de matérias-primas naturais. Cerca de 50% das inquiridas respondeu que muitas vezes/frequentemente, mas a percentagem de inquiridas que nunca/poucas vezes atinge praticamente os 30%. O que demonstra que a origem dos produtos ainda não é das questões ambientais mais pensadas pela generalidade das pessoas.
Sobre se as inquiridas consideram que a educação que dão aos filhos tem em conta as causas ambientais, a esmagadora maioria considera que sim, tanto pelo exemplo como pela palavra.
No que se refere ao contacto das crianças com a natureza (pergunta de resposta fechada, com opção de resposta múltipla), as opções mais escolhidas foram:
Imagem própria
- Passeios em família em meio natural (86,7% das inquiridas);
- Diariamente em casa (75,6% das inquiridas);
- Férias em meio natural (62,2% das inquiridas);
- Actividades escolares (20% das inquiridas).
Quando inquiridas sobre em que grau acham que o contacto com a natureza contribui para a felicidade, o desenvolvimento e o bem-estar dos filhos, sendo as possibilidades de resposta uma escala de 1 a 5, em que 1 significava que não contribui nada e 5 que tem uma contribuição muito elevada. A grande maioria das inquiridas (84,4%) escolheu a opção 5 - uma contribuição muito elevada. As restantes inquiridas escolheram as opções 3 e 4, demonstrando que por todas as inquiridas este aspecto é valorizado.
Devido à extensão do inquérito, a análise à terceira parte deste, a qual tinha como objectivo compreender o que as inquiridas realmente pensam sobre as suas práticas ambientais e ecológicas vai ser feita posteriormente. Espero que seja brevemente.
Conclusões intermédias
Começando pela última questão analisada podemos concluir que as inquiridas consideram que a relação dos filhos com a natureza é bastante importante para a sua felicidade, desenvolvimento e bem-estar. Por isso mesmo, a grande maioria das inquiridas revela que costumam proporcionar aos filhos contacto com a natureza, quer diariamente em casa, quer por passeios em família em meio natural. Também a maioria das inquiridas considera que transmite uma educação com preocupações ambientais aos filhos.
Essa preocupações ambientais são visíveis em casos concretos pelos seus hábitos. A utilização de fraldas e toalhitas reutilizáveis é uma realidade presente na vida das inquiridas, relativamente às opções alimentares de bebés com idade inferior a um ano, as escolhas são sobretudo as mais saudáveis e sustentáveis. Também a escolha de produtos de higiene tem em conta para muitas inquiridas a causa ecológica. Também no que se refere ao destino a dar a roupa, brinquedos e outros acessórios, todas as inquiridas revelam que proporcionam que estes produtos sejam reutilizados. A isto junta-se a compra de roupa, brinquedos e outros acessórios em segunda-mão que é uma realidade para grande parte das inquiridas.
A questão em que as inquiridas revelam menor preocupação ambiental é no que se refere à atenção que têm à origem dos produtos que compram, bem como as matérias-primas utilizadas. Todavia, cerca de 50% das inquiridas considera que tem esta preocupação.
No fundo, se todas as pessoas no país, no mundo, tivessem as preocupações ambientais das inquiridas, o mundo seria um lugar bem melhor.
Não percam o resto da análise dos inquéritos. E um muito obriga a todas as que responderam.
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