domingo, 10 de julho de 2016

Inquéritos sobre hábitos ecológicos em crianças: resultados (1ª parte)

Considerações iniciais

No dia 10 de Maio, nesta publicação pedi a que os leitores respondessem a um inquérito sobre os hábitos ecológicos em crianças, ou seja, se os pais e principais cuidadores têm preocupações ambientais nas escolhas diárias que fazem na vida dos seus filhos.

Desde já e tal como referi na altura, este inquérito não pretende ser uma amostra fidedigna da sociedade, uma vez que para tal teria de ter uma amostra bastante heterogénea e como devem calcular quem vem a um blogue sobre questões de sustentabilidade responder a um inquérito é desde logo uma pessoa com algumas preocupações ambientais. Por isso, infelizmente, tenho a noção que esta amostra está muito enviezada. É pena.

Para concluir, tive 48 respostas ao inquérito, mas a pergunta se tinha filhos era uma pergunta de despiste que não permitia que se continuasse o inquérito, por isso decidi não considerar três inquéritos. Assim, apenas serão avaliadas as 45 pessoas que responderam ao inquérito completo.

Os inquéritos foram respondidos entre o dia 10 de Maio e o dia 19 de Maio.



1ª Parte do Inquérito: Perfil dos inquiridos

Primeiramente, gostaria de revelar que todas as pessoas que responderam a este inquérito são mulheres.

Relativamente à idade, 66,7% das inquiridas estão na faixa etária entre os 26 e os 35 anos, 20% das inquiridas na faixa etária entre os 36 e os 45 anos e 13,3% estão no intervalo de idade dos 18 aos 25 anos.

No que se refere aos filhos, 57,8% das inquiridas tem um filho, 33,3% têm dois filhos, 4,4% têm três filhos e outros 4,4% têm entre quatro a oito filhos. Relativamente à idade dos mesmos, 19 inquiridas têm filhos com menos de um ano, 22 inquiridas têm filhos com idades entre os 1 e os 3 anos, 2 inquiridas tem filhos com idades entre os 4 e os 5 anos, 11 inquiridas têm filhos entre os 6 e os 10 anos, e para finalizar 2 inquiridas têm filhos com idades entre os 11 e os 15 filhos.

Relativamente à residência, 93,3% das pessoas que responderam vivem em Portugal, 4,4% noutro país europeu e 2,2% no Brasil.

Quando questionadas sobre como consideram a sua preocupação ambiental numa escala de 1 (nula) a 5 (muito elevada): 2,2% das inquiridas consideraram que a sua preocupação é de 2 (reduzida); 24,4% consideraram que a sua preocupação é de 3 (média); 35,6% consideram que a sua preocupação é de 4 (elevada) e 37,8% consideram que a sua preocupação é de 5 (muito elevada).

Em suma, o perfil das inquiridas é o seguinte:

Mulher, entre os 26 e os 35 anos, residente em Portugal, um filho com idade inferior a 3 anos e com uma preocupação ambiental de elevada a muito elevada.



2ª Parte do Inquérito: Hábitos ecológicos em crianças

Neste parte do inquérito foram feitas várias perguntas com o objectivo de perceber se as inquiridas optam por solução mais ecológicas.


Relativamente às fraldas...

Imagem própria

Neste caso, podemos concluir que quem usa das duas fraldas prefere as reutilizáveis (37,8%), mas existem muitas inquiridas que nunca usaram fraldas reutilizáveis (33,3%). A opção de usar unicamente fraldas de pano foi escolhida por apenas 17,8% das inquiridas.

No total, de forma mais ou menos regular, 66,7 das inquiridas usam ou já experimentaram as fraldas reutilizáveis (a opção mais ecológica).


Relativamente às toalhitas...

Imagem própria


Neste caso, 31,1% das inquiridas usa apenas toalhitas descartáveis, seguindo-se 24,4% das inquiridas que usam dos dois tipos de toalhitas, mas preferem as reutilizáveis. 

No total, de forma mais ou menos regular, 51,1% das inquiridas usam ou já experimentaram as toalhitas reutilizáveis (a opção mais ecológica).

À pergunta dirigida apenas às inquiridas que não usaram fraldas e toalhitas reutilizáveis, "Qual o motivo porque não usou fraldas ou toalhitas reutilizáveis?" a qual foi respondida apenas por 13 inquiridas. As respostas mais escolhidas foram:
  • Trabalho associado a estes produtos (4 inquiridas)
  • Desconhecimento sobre os produtos (3 inquiridas)

Relativamente aos produtos de higiene que as inquiridas escolhem para os filhos, nomeadamente se costumam escolher produtos ecológicos, tendo sido dado uma escala de 1 (Nunca) a 5 (Sempre). As opções 4 (que corresponde a Muitas vezes) e 5 (Sempre) reuniu 55,5%, seguindo a opção 3 (às vezes) com 22,2% das respostas. Neste caso, podemos concluir que nos produtos de higiene, a maior parte das inquiridas faz escolhas ecológicas.

Relativamente à alimentação de crianças com idade inferior a 1 ano, as quais as escolhas mais saudáveis e ecológicas (menor produção de resíduos e de processos industriais) deve passar por escolhas caseiras. Podemos ver que a maioria das inquiridas escolhe sobretudo opções saudáveis e, consequentemente, mais amigas do ambiente.

Nos gráficos abaixo podem ver as escolhas das inquiridas no que se refere às papas.

Imagem própria

Esta categoria foi aquela em que a opção mais saudável (papas caseiras) não se evidencia tanto relativamente à opção menos saudável (papas comerciais). Quando comparamos as opções relativas à fruta inteira e/ou triturada e sopa versus boiões comerciais, apercebemo-nos melhor que quase todas as inquiridas preferem as opções mais saudáveis e consequentemente mais amigas do ambiente. A opção fruta inteira ou triturada é dada frequentemente por mais de 30% das inquiridas, a mesma percentagem que diz dar frequentemente sopa caseira. Por sua vez, os boiões de fruta comerciais nunca foram escolhidos como opção frequente, sendo que praticamente 50% das inquiridas refere que nunca escolheu este tipo de alimento para os filhos.

Imagem própria

No que se refere à roupa e brinquedos, à pergunta "O faz com os brinquedos, roupa e acessórios das crianças que já não são utilizados" (era uma pergunta de resposta fechada, na qual se podia escolher mais do que uma opção) as inquiridas responderam da seguinte forma:
  • 82,2% - Dão a pessoas conhecidas ou instituições;
  • 75,6% - Guardam para filhos mais novos;
  • 26,7% - Deita fora quando estão em muito mau estado;
  • 20% - Vende em segunda mão;
  • 13,3% - Guarda sem destino aparente.

A opção "deita fora, independemente do estado" não foi escolhida por ninguém, o que é bastante positivo. Houve ainda uma resposta na opção outro que referia que emprestava. No fundo, mais uma vez a maioria das inquiridas opta por reutilizar as coisas, o que é sem dúvida uma mais-valia ambiental.

Ainda, no mesmo âmbito, à pergunta "Se costuma comprar roupa, brinquedos e acessórios em 2ª mão", numa escala de 1 (Nunca) a 5 (Frequentemente), as respostas foram as seguintes:
  • 1 (Nunca): 8,9% das inquiridas;
  • 2: 15,6% das inquiridas;
  • 3: 31,1% das inquiridas;
  • 4: 31,1% das inquiridas;
  • 5 (Frequentemente): 13,3% das inquiridas


Neste caso, compreende-se que as compras em segunda-mão se estão a tornar mais comuns entre as recentes mamãs, o que é sem dúvida uma grande vantagem ambiental.

No entanto, quando questionadas sobre a preocupação com a origem e matérias-primas das roupas e brinquedos, se escolhe produtos produzidos em áreas geográficas próximas e de matérias-primas naturais. Cerca de 50% das inquiridas respondeu que muitas vezes/frequentemente, mas a percentagem de inquiridas que nunca/poucas vezes atinge praticamente os 30%. O que demonstra que a origem dos produtos ainda não é das questões ambientais mais pensadas pela generalidade das pessoas.




Sobre se as inquiridas consideram que a educação que dão aos filhos tem em conta as causas ambientais, a esmagadora maioria considera que sim, tanto pelo exemplo como pela palavra.


Imagem própria

No que se refere ao contacto das crianças com a natureza (pergunta de resposta fechada, com opção de resposta múltipla), as opções mais escolhidas foram:
  • Passeios em família em meio natural (86,7% das inquiridas);
  • Diariamente em casa (75,6% das inquiridas);
  • Férias em meio natural (62,2% das inquiridas);
  • Actividades escolares (20% das inquiridas).

Quando inquiridas sobre em que grau acham que o contacto com a natureza contribui para a felicidade, o desenvolvimento e o bem-estar dos filhos, sendo as possibilidades de resposta uma escala de 1 a 5, em que 1 significava que não contribui nada e 5 que tem uma contribuição muito elevada. A grande maioria das inquiridas (84,4%) escolheu a opção 5 - uma contribuição muito elevada. As restantes inquiridas escolheram as opções 3 e 4, demonstrando que por todas as inquiridas este aspecto é valorizado.

Devido à extensão do inquérito, a análise à terceira parte deste, a qual tinha como objectivo compreender o que as inquiridas realmente pensam sobre as suas práticas ambientais e ecológicas vai ser feita posteriormente. Espero que seja brevemente.


Conclusões intermédias


Começando pela última questão analisada podemos concluir que as inquiridas consideram que a relação dos filhos com a natureza é bastante importante para a sua felicidade, desenvolvimento e bem-estar. Por isso mesmo, a grande maioria das inquiridas revela que costumam proporcionar aos filhos contacto com a natureza, quer diariamente em casa, quer por passeios em família em meio natural. Também a maioria das inquiridas considera que transmite uma educação com preocupações ambientais aos filhos.

Essa preocupações ambientais são visíveis em casos concretos pelos seus hábitos. A utilização de fraldas e toalhitas reutilizáveis é uma realidade presente na vida das inquiridas, relativamente às opções alimentares de bebés com idade inferior a um ano, as escolhas são sobretudo as mais saudáveis e sustentáveis. Também a escolha de produtos de higiene tem em conta para muitas inquiridas a causa ecológica. Também no que se refere ao destino a dar a roupa, brinquedos e outros acessórios, todas as inquiridas revelam que proporcionam que estes produtos sejam reutilizados. A isto junta-se a compra de roupa, brinquedos e outros acessórios em segunda-mão que é uma realidade para grande parte das inquiridas.

A questão em que as inquiridas revelam menor preocupação ambiental é no que se refere à atenção que têm à origem dos produtos que compram, bem como as matérias-primas utilizadas. Todavia, cerca de 50% das inquiridas considera que tem esta preocupação.

No fundo, se todas as pessoas no país, no mundo, tivessem as preocupações ambientais das inquiridas, o mundo seria um lugar bem melhor.

Não percam o resto da análise dos inquéritos. E um muito obriga a todas as que responderam.

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