terça-feira, 22 de setembro de 2015

A publicidade e o desperdício sem fim

Pior que o lixo que fazemos diariamente devido às nossas actividades humanas, algumas mais essenciais, outras menos, é aquele lixo que fazemos por nada. O que eu quero dizer é o lixo que fazemos sem que se tenha tirado algum proveito, seja de que tipo for, daquele objecto.

É aquele produto que foi fabricado para ser directamente posto no lixo, agora falo de qualquer tipo de sítio onde se deposite o produto, desde de ser deixado na natureza (a pior das hipóteses), no lixo indiferenciado ou na reciclagem.

Este tipo de produtos podem ser realmente coisas sem qualquer utilidade como podem ser coisas com bastante utilidade como alimentos. Quem nunca mandou algum alimento para o lixo porque se estragou e alguns que nem se chegaram a estragar, mas que essa malandra da data de validade fez com que achássemos que já não estava em condições. Pois, é a triste realidade.

Tanta energia usada, tanta água, tanto esforço humano (tanta escravatura!), tanto dinheiro gasto para quê? Para acabar no lixo sem qualquer utilidade.

E sobre isto, tenho uma história concreta que me fez imaginar a quantidade de produtos novos que podem estar a ir para o lixo. No outro dia, um rapaz que conheço perguntou-me se tinha gatos porque tinha amostras de comida e não tinha o que lhe fazer. Combinei ir a casa dele buscar as amostras a pensar que eram poucas e assim umas amostras pequenas. Para mim, o conceito de amostra é um produto realmente pequeno.

Lá fomos nós buscar as amostras e bem, não são bem amostras, são saquetas de comida húmida de gato de 100g de uma das marcas mais conhecidas do mercado, as quais no supermercado são vendidas em caixas de 12 unidades, mas que o preço individual é um bocadinho superior a 0,50€. Mas bem, ele deu-nos provavelmente mais de 30 saquetas e ainda uma caixa com umas quantas para entregarmos a outra pessoa. Como ele arranjou tantas amostras é que eu não entendia.

Mas é bem simples, este rapaz tem um amigo que anda a entregar publicidade em caixas de correio, nomeadamente a Dica de Semana, por cada exemplar deste jornal tem de deixar duas saquetas da comida, as quais vêm embrulhadas nuns panfletos. A questão é que muitas vezes não cabe tudo nas caixas de correio, então fica com amostras de comida de gato a sobrar. Mas como não têm gatos não têm nada o que lhes fazer, então decidiram dar. Eu agradeço.

Não sei se é muito legal não distribuir o que lhe dão, mas pronto, eu sei bem o que custa andar a distribuir panfletos em caixas de correio, sobretudo naquelas caixas que estão cheias e andamos ali a tentar enfiar coisas. Quanto mais, um jornal, mais duas saquetas de 100g de comida de gato, tudo dentro da mesma caixa do correio.

Mas a nível ambiental, acho que o rapaz ter decidido dar aquilo que lhe sobra a quem tem gatos foi realmente algo positivo. Aliás ambientalmente deviam era ir todas para quem tem gatos, porque imagino quantas saquetas têm sido distribuídas em caixas de correio e que vão directamente para o lixo. Qual a percentagem de casas com gatos? Ou mesmo com gatos e cães? Será que as pessoas realmente as aproveitam? Será que todos guardam estas saquetas para aquele amigo que tem um gato? Não me parece.

Claro que isto é o problema da publicidade, lembro-me bem de andar a distribuir folhetos da minha loja e depois os ver espalhados pela rua. A publicidade assim em folhetos, grande parte das vezes tem este destino, ou seja, é feita para nada. Não sei qual a percentagem de folhetos realmente são lidos e quantos são reciclados. Mas além dos folhetos em si, imaginar aquelas saquetas de comida de gato, as quais são feitas com carne de outros animais serem assim posta em caixas de correio e em muitos casos serem colocadas no lixo faz-me ficar realmente triste.

O meu objectivo não é que a publicidade deixe de existir, irá sempre existir e cada vez mais. As amostras são realmente uma forma de dar a conhecer determinado produto. Mas talvez a nossa perspectiva sobre a publicidade é que deva mudar.

Não aceitar coisas que sabemos que não vamos mesmo utilizar.
Não descartar nada antes de pensarmos muito bem se aquele produto tem alguma utilidade para nós ou para alguém.
Quando realmente não tem qualquer utilidade, caso dos folhetos, deixar no ecoponto correcto.



5 comentários:

  1. E porque não doar a uma instituição como a União Zoofila? :)

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  2. Sim é verdade. Mas talvez não seja suposto alguém ter tantas amostras, talvez seja o problema.

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  3. Os flyers também me fazem imensa impressão, até porque tirando a reciclagem, raramente lhes consigo dar outra utilização. Quando têm partes com muitas cores, ainda levo para a escola para fazer corte e colagem com os miúdos, mas mesmo assim...
    Geralmente recuso-os na rua, mas bem vejo que a maioria que vai parar às maos dos trausentes acaba no chão ou no próximo caixote de lixo indiferenciado, o que pouca eficácia lhe confere... Talvez noutra geração sejam mais eficazes (o meu avô guarda-me alguns, bem como recortes de jornais com coisas que acha que me podem interessar...)
    Quanto às amostras, coisas muito especificas como para animais e bebes concordo que nao faça muito sentido serem distribuidas de qualquer forma.
    Tenho juntado algumas amostras de produtos para bebe, mas para alem da papelada toda que as acompanha também fico a olhar para a aquilo e a pensar nos recursos todos que se gasta em fazer embalagens tão pequenas...

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  4. Filipa, tenho imensos flyers da minha loja que nunca chegamos a distribuir, se der jeito para fazer corte e colagem com os miúdos, posso oferecer :)

    Sim as amostras dos produtos de bebé são tão, mas tão pequenina, é mais embalagem que conteúdo.

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  5. Obrigada, Sónia, mas agora ainda fico uns tempos longe dos miudos não vale a pena :)

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