terça-feira, 20 de setembro de 2016

Capitalismo e ambiente: vamos por os pontos nos iiiiiiis

A deputada Mariana Mortágua desafiou o PS a pensar se quer ser alternativa ao capitalismo e se para mim, isto é algo bastante positivo, sei que para muita gente parece algo completamente descabido.

A questão é a seguinte, o capitalismo, tal como o conhecemos neste momento (com o consumismo como seu principal motor de funcionamento) é completamente insustentável. Não é, sequer, uma questão de ideologia política. Esquerda ou direita. É simplesmente uma questão de viabilidade do planeta ou melhor da nossa espécie (e de outras, claro).


E não vale a pena negá-lo. Quem o nega das três, uma:
  • É pouco informado; 
  • É ingénuo; 
  • Está-se a lixar para a espécie humana e outras espécies, quer para as actuais gerações, quer para as futuras.

Se é pouco informado, pode informar-se melhor.
Se é ingénuo, espero que deixe de ser.
Se se está simplesmente a lixar para os outros, nesse caso tenho pena, porque não percebe que também faz parte do mesmo bolo.


Desde 1986 que consumimos mais recursos num ano do que aquilo que a terra consegue repor. Ano após ano, acabamos com florestas, poluímos mais os oceanos e os rios, e ainda, a nossa própria alimentação. No mundo inteiro, as áreas ocupadas por aterros de resíduos crescem, áreas estas que ficarão sem utilização futura (na grande maioria dos casos), isto sem falar nas lixeiras a céu aberto (mais ou menos controladas). A produção alimentar anual é superior às necessidades dos habitantes do planeta, todavia morrem pessoas desnutridas, enquanto noutros locais do mundo, todos os dias, se deita comida fora (muita da qual, porque é feia... feia!?!?!). Nos países "civilizados" pagamos uma ninharia por um qualquer bem de consumo (uma t-shirt, um brinquedo, etc). O valor pago não chega sequer para pagar a matéria-prima (isto se quiséssemos ser justos com a natureza e devolver-lhe em "cuidados" aquilo que dela tirámos). Ao que se junta, o facto de sabermos que para isso estamos a explorar humanos noutra parte do mundo e achamos bem. Sim, achamos bem, afinal aquele humano se não fosse explorado, a fazer aquela t-shirt, não teria o que comer. Provavelmente, teria mais que comer, se os mesmos países "civilizados" não tivessem feito de tudo para acabar com as economias locais e de subsistência de vários destes países.

Mas bem... por isto tudo, a questão é simples... se queremos continuar a viver, uma vida justa para com os outros (gerações actuais e futuras, em qualquer parte do globo, respeitando também a natureza) temos de parar... este modelo de economia e sociedade não é viável. E isso é ponto assente.

A questão não é difícil de compreender, penso eu. No entanto, sou frequentemente adjectivada como sonhadora, assim uma pessoa que não tem a noção do mundo em que vive, não tem a noção da realidade. A Sónia que gosta dos passarinhos e das arvorezinhas, pensa que a comunicação é feita por pauzinhos. Basicamente, sou vista como a Sónia anti-tecnologia, a Sónia da natureza. Até é engraçado que alguém que se dedica a blogues desde 2004 seja vista como uma pessoa anti-tecnologia. Na realidade, a tecnologia é útil, bastante útil e a nível ambiental também. É graças à tecnologia que conseguimos manter um certo nível de vida sem poluirmos tanto. A tecnologia quando bem utilizada é algo fantástico, reconheço que o ser humano é sem dúvida genial e consegue desenvolver coisas maravilhosas (e outras terríveis). No entanto, o que éramos nós sem a natureza? Nada! Simplesmente não existíamos.

No fundo, quando dizem com um certo desdém, ai os passarinhos, as arvorezinhas como se estes fossem interesses menores, eu tenho pena. Verdadeiramente pena. Pena que haja quem não entenda que é nos pássaros, nas árvores, na água, nas plantas que reside a nossa maior riqueza, a nossa única fonte de sobrevivência.

A água e as árvores são sem dúvidas dos bens mais valiosos que temos. E ambas existem para lá do ser humano, já o ser humano não consegue viver sem as mesmas. Mas até mesmo seres supostamente insignificantes como as abelhas são cruciais para a nossa vida, a extinção destas pode levar à nossa extinção, o contrário já não me parece que aconteça.

O que quero dizer com isto é simples, não é quem adora e defende a natureza que não tem noção do mundo em que vive. Quem acha que os feitos do ser humano é que são consideravelmente superiores à natureza é que não percebe o mundo, não conhece a realidade. Aliás, foi por isso mesmo, por este antropocentrismo que a humidade teve de conceber Deus à sua imagem e semelhança, uma vez que nunca conseguiu conviver com a sua insignificância. É por isso mesmo que até os ateus e seguidores da ciência preferem continuar a esconder-se na "nossa maravilhosa sociedade de consumo" e a não ver a realidade.

A realidade é uma e é simples. O ser humano faz parte da natureza e precisa dela para sobreviver, o consumo exagerado está a por em risco uma quantidade de "aspectos/bens" naturais que são cruciais à nossa vida. Quando estes "aspectos/bens" estiverem completamente contaminados/poluídos ou em outros casos deixarem de existir, a nossa espécie acaba (e finalmente as outras espécies poderão viver em paz).

Assim, a verdade é simples, o capitalismo (tal como existe hoje) está a destruir o planeta, está a destruir-nos. E desta forma, ou aceitamos isso de livre vontade ou lutarmos contra esta realidade. Sim, o meu maior objectivo é diminuir a minha contribuição para a destruição do planeta (mesmo sabendo que ainda tenho um longo caminho a percorrer, sei que às vezes não sou assim tão sustentável, mas reconhecer acho que é o primeiro passo). E sim, a minha maior adoração é a natureza, porque é nela que reside toda a verdade sobre a vida.

Quem ama a natureza não é um sonhador, idealista, um louco... quem ama a natureza e a respeita é, no fundo, o mais realista de todos. E quem a ama e a quer cuidar, não pode ser a favor deste tipo de capitalismo em que vivemos.

Imagem retirada de http://links.org.au/node?page=8





2 comentários:

  1. O teu texto dá pano para mangas! Tens logicamente razão. É lógico que o capitalismo é absolutamente insustentável. O sr. lucro não olha para o longo prazo, apenas para o agora. E nem se importa com as pessoas, os animais, as plantas...
    E os avanços científicos e tecnológicos só são maus quando mal utilizados, como tudo.
    É um bocado triste, quando se chega à conclusão que, apesar de vivermos numa época em que a informação e o conhecimento está ao alcance de todos, como nunca esteve, e as pessoas escolhem viver com a cabeça enterrada na areia.
    Teremos que continuar no nosso "trabalho" e não baixar os braços
    Não ir em modas e viver como se deve, o mais sustentavelmente que conseguirmos.
    Beijinhos

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    Respostas
    1. Isso mesmo Catarina, o que vale é que não somos tão poucos os que pensamos assim :)
      Beijinhos

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