quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Chá de bebé não é para mim

Esta minha publicação é agendada como, aliás, quase todas. Hoje, dia 5 de Novembro falta exactamente uma semana para a data prevista do meu parto, ou seja, faço hoje 39 semanas de gestação. Parece que já se encontra tão distante o dia 14 de Março quando o teste da farmácia deu positivo e ao mesmo tempo parece que foi ontem.

Quando esta postagem for publicada até já posso ter tido o bebé ou quem sabe estar na sala de parto. Vamos ver, espero que depois do nascimento ainda consiga manter a minha ideia de fazer uma publicação por dia.

Neste momento já aqui falei de alguns assuntos relativos ao bebé, nomeadamente a minha escolha por fraldas reutilizáveis (ainda pretendo fazer uma publicação com o meu stock e as primeiras experiências) e por toalhitas reutilizáveis. Neste momento que vos escrevo já tive diversas aulas de preparação para o parto e já visitei o hospital, a enfermaria e o bloco de parto. Pretendo posteriormente contar-vos a minha experiência no sistema nacional de saúde, mas vamos esperar pelo parto para depois contar tudo. Também já falei sobre os brinquedos e sobre roupa do bebé. Mas acredito que depois do bebé nascer vá falar de muitas mais coisas.

Mas como é comum em todas as coisas na vida, tendencialmente não sou uma pessoa que goste ou aprecie aquilo que a maioria gosta. Não quero com isto dizer que sou super diferente e original. Mas é verdade, os meus gostos e forma de ver e encarar o mundo não costumam ser iguais aos da maioria das pessoas. E isso nem é melhor, nem pior, é o que é. Aliás é tão verdade que não há por aí muita gente que passe a vida a escrever sobre lixo, não é?

Podia enumerar várias coisas das quais não gosto e que admiram muita gente. Mas aqui para o caso não interessam, por isso, vamos ao ponto incompreendido pela maioria das pessoas (isto para já não falar do sexo do bebé).

Eu não fiz, não gosto, nem nunca pensei fazer um chá de bebé ou baby shower como preferirem chamar. E há quem não leve isso à paciência.

Pensar em reunir-me com umas quantas raparigas, mais ou menos amigas (não gosto de reuniões ou festas que à partida são só para mulheres) para falarmos de bebés, fazermos jogos e receber prendas não é de todo uma coisas com a qual eu fique muito entusiasmada.

E foi basicamente isto que eu disse a duas amigas que nos primeiros meses me perguntaram se eu ia fazer chá de bebé. Uma delas ficou intrigada, como senão me conhecesse há mais de vinte anos, a outra teve um argumento extraordinário: "Mas o baby shower é óptimo para receberes prendas", o qual eu contra-argumentei com a seguinte frase, "Quem quiser e realmente estiver interessado em me oferecer alguma coisa pode oferecer na mesma".

Parece aquelas pessoas que argumentam comigo que eu me devia casar para receber dinheiro. Argumentar comigo que eu devo fazer qualquer coisa para receber dinheiro ou prendas é como perder o jogo logo à partida. É estar a aliciar-me para algo a que no fundo não dou assim muito valor.

Mas esta minha amiga não satisfeita, volta e meia, quando eu dizia que tinha de comprar alguma coisa ou estava a pensar em alguma coisa dizia-me, "Vês se tivesses feito o baby shower agora já tinhas isso". Normalmente dizia-lhe que deixe estar, se eu precisar muito, eu compro.

E é isso, para mim o dinheiro não tem outra função que não seja gastá-lo no que for necessário. Claro que o devemos saber gerir e poupar, mas se precisar de alguma coisa e precisar de comprá-la, não tenho problemas, compro. Se na altura não tiver dinheiro, espero e depois compro. Se for uma coisa urgente, hei-de conseguir cortar nalguma coisa para que sobre. Se isso não acontecer, logo se vê. Mas quem não dá muito valor aos bens materiais também acha que nunca precisa assim de tanta coisa e consegue viver com menos.

Nas coisas do bebé gastámos muito dinheiro é verdade, tentamos reaproveitar algumas coisas, comprar o essencial ao início e aos poucos fomos tendo as coisas necessárias. Comprámos tudo tentando aliar algumas promoções e sem loucuras, a única coisa que podíamos ter comprado mais barata e optamos por uma mais cara só por questão estética foi a mala do bebé. O resto fomos sempre numa perspetiva de simplicidade e de não entrar em exageros.

No entanto, mesmo sem baby shower deram-nos bastantes coisas, quer novas, quer em segunda mão. Quem quer dar, dá sempre, penso eu. Não gosto de me sentir obrigada a dar nada, da mesma forma que não gosto ninguém de se sentir obrigado a dar-me o que quer que seja. Acho que a acção de oferecer deve estar associada ao gosto em dar e não à obrigação.

Gosto de receber prendas, não digo que não, mas prefiro que um dia alguém apareça cá em casa com uma prenda simples, às vezes pessoas que eu nem estou à espera que me dêem nada. Ainda hoje, uma senhora que tem aqui uma loja na minha rua deu-me uma manta para tapar o bebé feita por ela, uma senhora que normalmente apenas cumprimento quando a vejo. Isto é um sinal de amizade e carinho muito para além do bem material, eu fiquei feliz e comovida. Estas pequenas lembranças valem-nos um sorriso de agradecimento muito superior a sermos inundados de prendas porque decidimos organizar um baby shower. É a minha opinião.

Depois essa minha amiga disse-me várias vezes que o chá de bebé era ideal para oferecerem pacotes de fraldas. O que para mim não é grande perda, já que não estou a pensar em comprar. Mas eu já lhe disse que se ela quiser comprar fraldas pode sempre comprar-me uma fralda reutilizável. Mas ela acha o conceito ultrapassado, afinal segundo ela "Os Tempos Evoluem...". Tenho sem dúvida de fazer uma publicação sobre os tempos que evoluem e o que é a evolução.

Mas quem gosta do conceito, força, acho que sim. Mas não é um conceito para mim. Por exemplo, decidi fazer um jantar com antigos colegas da faculdade antes de ter o bebé, já que depois é mais difícil. Fomos jantar, mulheres e homens, conversámos sobre o bebé, sobre os tempos de faculdade, sobre a actualidade política, sobre o que nos apeteceu. E não me deram nada e eu vim bastante contente. Faz-me sentir que além de futura mãe continuo a ser uma pessoa normal com interesses para além do bebé.

Já ouvi algumas pessoas que organizam chás de bebés para grávidas sem que elas estejam à espera, isso até acho uma ideia engraçada. É como organizar uma festa surpresa qualquer. Mas podem os chás de bebés ter homens e mulheres e a não-obrigação de presentes? É que se puderem até acho mais interessante. No fundo, ser uma confraternização normal? Sim que o assunto bebé vai estar sempre presente, mas não precisa ser o único, nem o mais importante.

E já agora mesmo sem chá de bebé, imaginam a quantidade de lixo que o meu bebé que ainda não nasceu já "produziu". É sem dúvida, uma quantidade enorme. Imaginem depois de um chá de bebé cheio de pacotes de fraldas descartáveis...


Imagem retirada de https://whisper.sh/whisper/050fc68926576f4858719d0f4ce207c6e444ba/OMG-can-I-tell-you-how-much-I-absolutely-hate-baby-showersF30







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