quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Pastilhas elásticas, uma compra inconsciente e as caixas dos supermercados

Lembro-me de ver uns documentários, há uns anos, sobre consumo e como a nossa mente se modifica quando entramos em lugares de consumo. A necessidade de consumir e o consumo por impulso. Vi esses documentários na cadeira de Geografia do Comércio e do Consumo e confesso que foram muito importantes para me sentir mais fortalecida nesta luta Pessoa vs Consumo. A partir daí, fui aumentado o meu conhecimento e o meu controlo sobre o que compro, nomeadamente a decifrar se realmente devo aproveitar ou não uma promoção e a não me deixar levar por publicidade ou pela disposição dos artigos nas lojas. Quer dizer, isto achava eu!

Há uns tempos, fui fazer umas compras ao Continente e tinha um talão daqueles de desconto de 5€ em 20€ de compras. É de aproveitar não é? Ainda por cima são mesmo coisas que eu tinha de comprar. Logo se posso poupar 5€ devo aproveitar. Até acho que sim, mas...

Cheguei à caixa e tinha-me enganado a fazer as contas, o total não chegava a 20€, eram 19 euros e tal... e assim não podia passar o desconto... e naquela ânsia de supermercado, pensei "deixa estar não faço o desconto", "mas ainda são 5€", "mais vale não fazer", "mas", "MAS" "MAS"... A rapariga da caixa disse-me, "porque não leva uma caixa de pastilhas" e eu, "ah sim", peguei nas pastilhas e pronto já fazia 20€. E com o desconto que ficou em cartão, no fundo só paguei 15€. Mas na realidade, eu não queria as pastilhas e sim, elas só estão ali junto à caixa devido às compras por impulso. E eu que ando aqui contra o consumismo comprei as pastilhas, só para ter um desconto.

Comprei um produto que não queria, que não precisava, um produto que obviamente teve de ser feito e para tal tiveram de ser gastos recursos. Em vez das pastilhas, mais valia ter comprado um pacote de arroz ou massa, algo com utilidade e que não se estraga. Mas não! Foi logo ali, o primeiro produto que me apareceu à frente. Só quando cheguei ao carro é que pensei "Que estupidez! Quantos milhares de pacotes de pastilhas no mundo inteiro se vendem por impulso?".

Sobre estas armadilhas que os supermercados têm, encontrei esta publicação e cá está cai numa delas. Esta publicação refere-a como armadilha nº6, basicamente consiste nas guloseimas de baixo preço que estão perto da caixa (local onde as pessoas estão algum tempo paradas) e quando adicionadas às compras, não fazem com que a conta aumente muito e parece que nem gastámos dinheiro. Mas vejam aqui, Armadilhas do varejo elevam conta em 15%.


É! Isto são caixas "demoníacas", cheias de coisas que não precisamos...
Imagem retirada de http://umserpai.blogspot.pt/2016/02/jovem-delinquente.html

Depois de pensar e repensar nesta história das pastilhas (se calhar acham que estou a exagerar), o que mais me chateou é que comprei um produto que não necessitava, que não me apetecia, que não faz bem nenhum à minha saúde, que utilizou energia e água para ser feito, transportado, etc, etc., e que faz mal ao ambiente, uma vez que as pastilhas são feitas a partir de derivados do petróleo. E para completar que aumentam a quantidade de lixo e quando deixadas na natureza são perigosas para os animais, nomeadamente para os pássaros.

No meu caso, o pior é que eu depois de uma infância é que engolia pastilhas elásticas, já tive uma fase de não as consumir. Quando andava no 9º ano fui a uma visita de estudo à fábrica da Gorila e conheci os processos de fabrico, na altura achei aquilo tão nojento, aquela pasta peganhenta e gigantesca, que decidi nunca mais mascar daquilo. O nunca mais ainda durou uns anos, pois só voltei a mascar pastilhas já andava na faculdade e sinceramente não sei qual a razão para ter voltado a consumir o produto. Devo ter-me esquecido daquele cheiro horrivel, exageradamente doce, que inundava a fábrica das pastilhas. De qualquer modo, nunca fui uma consumidora assídua, mas volta e meia, lá iam umas pastilhas.

Mas agora acabou-se, depois de ter caído nas armadilhas dos supermercados e ter pensado novamente a sério nas pastilhas, já decidi que não as volto a mascar novamente (vamos ver se a decisão desta vez é para sempre).

Entretanto, e só por curiosidade, descobri que existe uma Gum Wall em Seattle e a Bubblegum Alley em San Luis Obispo, ambas nos Estados Unidos da América. Basicamente são paredes cobertas de pastilhas elásticas usadas que se tornaram em grandes atracções turísticas. A mim, devo confessar que só de pensar me mete nojo.


Bubblegum Alley
Imagem retirada de https://en.wikipedia.org/wiki/Bubblegum_Alley

Entretanto, a fazer esta publicação encontrei umas boas notícias, nomeadamente Suiça: chega de guloseimas nos caixas de supermercado. Frutas no lugar delas.. Basicamente, os conhecidos supermercado Lidl trocaram em várias caixas as guloseimas por fruta, na notícia fala dessa realidade na Suiça e Reino Unido. Já que é para comprar por impulso mais vale que seja fruta do que guloseimas. Acho que está na altura de falarmos com os supermercados que operam em Portugal a pedir uma medida idêntica.

Neste sentido redigi a seguinte mensagem:

"Bom dia

Estou a contactar-vos, uma vez que como vossa cliente gostaria de fazer uma sugestão, relativamente aos produtos que se encontram próximos das caixas dos vossos hiper e supermercados.
Os produtos que se encontram próximos das caixas são essencialmente guloseimas, pastilhas, chocolates e outros produtos pouco saudáveis. Este tipo de produto como vocês sabem melhor que eu são comprados sobretudo por impulso. As pessoas ao estarem paradas nas filas acabam por os comprar, não necessitando deles e dado as suas características não são muito recomendados. Isto piora como se sabe quando se tem crianças nas filas, as crianças são alvos mais fáceis destes produtos e estes só prejudicam a sua saúde.
Neste sentido, gostaria de sugerir que nos vossos hipermercados existam caixas de produtos saudáveis (todas ou algumas), caixas onde os produtos sejam, por exemplo, fruta em vez de chocolates, iogurtes em vez de refrigerantes, sumos naturais, snacks biológicos, etc, etc. A ideia como devem saber não é minha, já existe em alguns supermercados de alguns países.
Acredito que numa primeira fase, sintam alguma perda de vendas, mas seguramente terão clientes mais saudáveis. E nesse sentido, agradecemos todos, os clientes e numa última perpectiva também agradece o ambiente. Afinal produtos mais saudáveis são quase sempre produtos mais sustentáveis.
Obrigada pela atenção"

Enviei para o Continente, Jumbo, Lidl, Intermache, Aldi, Eleclerc, Minipreço, todos têm nos seus sites um formulário onde podemos deixar sugestões. Em contrapartida, no site do Pingo Doce nem encontrei formulário, nem email de contacto, tenho de voltar a procurar melhor. (editado posteriormente, também já encontrei o formulário).

Se alguém quiser enviar também mensagem com este propósito, pode se assim o entender, usar a minha mensagem.

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