domingo, 4 de setembro de 2016

Música popular, t-shirts e gaios: uma salgalhada feita publicação

Esta publicação é uma miscelânea de coisas, daquelas que me fazem pensar. Isto tudo, ainda num misto de sentimentos derivados das férias. Uma coisa, duas coisas e quando damos por isso, já fizemos toda uma teia de pensamentos. E começou tudo com um acto de consumismo, a compra de uma t-shirt.

Estava numa loja de regalos ou recuerdos em Santiago de Compostela com t-shirts muito engraçadas com espírito galego (eu sou uma defensora da cultura galaico-portuguesa, não que eu tenha muito conhecimento sobre a mesma, mas porque no caso espanhol, acho que a identidade de cada região deve ser defendida, mantida e difundida. E também, confesso que gosto de ir a algum sítio do território espanhol onde me percebem mesmo quando falo português) e fiquei apaixonada por uma delas. A t-shirt tem este desenho:


Imagem retirada de http://www.nikisgalicia.com/es/bebes-y-nino/4334-Beb%C3%A9%20y%20ni%C3%B1o-vai-tu-vai-ela.html#.V8tXjzXMJxI


Quando vi a t-shirt, adorei-a (eu já gosto de t-shirts com mensagens, muito mais sendo a letra de uma música popular) e comecei logo a cantar Vai tu, Vai tu, Vai ela. Pelo que percebi, depois de ter pesquisado, esta música tradicional teve origem na Galiza e Norte de Portugal, embora actualmente as letras cantadas em ambos os locais sejam diferentes (pelo que percebi).

A música é algo bastante importante na minha vida, não é à toa que este blogue tem uma etiqueta chamada A música é alimento. A música popular tradicional além de alimento para a alma é a transmissão oral de modos de vida, histórias, amores, formas de falar de séculos. A música popular tradicional é de uma riqueza enorme, criada pelo povo, é endógena, é da terra, dos nossos pais, avós, bisavós. É cultura, é modo de ser, é uma forma de olhar o mundo, é uma expressão das nossas raízes. A música popular tradicional, é capaz de ser mais forte que fronteiras e estados nações, neste caso particular, esta música permanece e faz parte da vida portuguesa e galega, acho que me atrevo a dizer que a música é a forma viva de um povo com uma cultura idêntica que há muitos anos foi separado.

Talvez nada disto que estou a escrever pareça fazer muito sentido, mas cantar estas músicas é perpetuar a nossa história enquanto povo, o qual no seu conjunto conseguiu transmitir oralmente uma infinidades de saberes e conhecimento.

Viva a música popular, a tradicional, a que veio do povo para o povo. Para quem ainda não conhece, sugiro que espreitem este site: A música portuguesa a gostar dela própria.

Fica uma versão galega, aqui intitulada como verde-gaio. Ouvi várias versões e gosto especialmente desta.


E por falar em gaios, já estava eu no Gerês, diz-me o meu marido "Viste aquele gaio", respondi que tinha visto, mas que não tinha reparado que era um gaio. Depois contei que quando era pequena o meu avô tinha gaios, ele disse-me que o pai dele também teve. Disse-lhe depois que há muitos anos que não conheço ninguém que tenha gaios, o que lhe disse que ainda bem porque eles são bonitos é na natureza. Ele rematou "ninguém tem gaios porque as pessoas já não têm paciência para os irem apanhar aos ninhos, não é pela liberdade, porque continuam a ter piriquitos". Ele é capaz de ter razão.

Para quem não conhece, um gaio é este pássaro, bonito e que também fala. Os gaios do meu avô gritavam "Pai".


Imagem retirada de https://pt.wikipedia.org/wiki/Gaio-comum

Só para terminar, eu comprei a t-shirt, mas tenho a dizer que na etiqueta diz "Feito en Galicia", só coisas positivas.

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