quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Pão e a sabedoria de décadas

O pão tem sido, ao longo dos séculos, o alimento por excelência. Mais que um alimento para o corpo, o pão representa em várias culturas o alimento para o espírito. O pão tem também uma forte importância no cristianismo e portanto na nossa cultura e identidade nacional.

Antigamente era comum as pessoas fazerem o seu próprio pão, coziam-no uma vez por semana e guardavam-no naquelas arcas antigas de madeira (ou provavelmente onde conseguiam). Pão amassado à mão e cozido no forno a lenha.

No meu entender, fazer o nosso próprio pão é sermos mais auto-suficientes, mais próximos das origens, não depender tanto do sistema (se bem que temos de comprar a farinha). Depois, todo o processo é uma construção, muitas vezes era um momento de partilha familiar. No entanto, na actual sociedade a facilidade com que compramos o pão e outras coisas, faz com que a tradição de se fazer pão da forma tradicional vá desaparecendo.

Nós cá em casa temos um forno a lenha que usamos esporadicamente. E aproveitámos uma visita da minha tia I. (uma pessoa muito especial) que já tem 85 anos para darmos verdadeira vida ao forno. Quero dizer com isto que a minha tia fez broa (como a que se faz na terra do meu pai), tudo do modo antigo. Nomeadamente, a mistura das farinhas de milho e trigo, amassar a broa, esperar que levedasse, tender, cozê-la no forno a lenha. Não vou deixar a receita, porque acho que a receita não é o principal a saber (isso há muitas receitas na internet), acho que o mais importante é saber o ponto certo para a massa, se já levedou e tender bem os pães. Mas isso não se aprender no mundo virtual, só se aprende fazendo.

Além das broas normais, a minha tia ainda fez uma bôla de chouriço, uma bôla de bacalhau e uma bôla de sardinha. Estas bôlas são feitas com a massa normal do pão, mas no interior leva um preparado que consiste na mistura de cebola picada, azeite e colorau com a proteína (chouriço, sardinha ou bacalhau). Quando as bôlas vão a cozer, o preparado coze também e o sabor espalha-se pelo pão.

E aqui ficam as fotografias, mais que as fotografias do pão, são as fotografias que ilustram um momento em família e a partilha de um saber de muito e muitos anos.

Primeiro podem ver o resultado final...

O resultado final
Imagem própria



E agora o processo intermédio...

A massa já levedada
Imagem própria
Aquecer o forno
Imagem própria

Tender a massa
Imagem própria
A confusão instalada
Imagem própria

Já no forno
Imagem própria
Os preparados para as bôlas
Imagem própria

E no fim, foi comer, comer, partir e repatir.

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