terça-feira, 1 de março de 2016

Inteligência humana: o egoísmo e a compaixão

Não sei bem por onde começar esta publicação. Estou para a escrever isto há tantos dias, já pensei tanto sobre o tema e mesmo assim não me sei organizar.

Então vamos começar pela parte factual, na quinta-feira, pela primeira vez saí sem o meu Luís. Três meses depois dele nascer, fui a um concerto, fui nutrir o espírito para depois nutri-lo a ele. Mas o que isto tem que ver com a inteligência humana?

É que eu fui ver o concerto de dois dos melhores cantores que conheço, na minha opinião, claro. Sérgio Godinho e Jorge Palma que para mim são assim algo fantástico. As músicas deles também me alimentam e uns dias antes do concerto tinha visto uma entrevista que deram para o programa da RTP1 da Sílvia Alberto. Nessa entrevista, o Jorge Palma disse uma coisa que nunca mais me esqueci, que existe um tipo de inteligência que faz falta, a inteligência da compaixão. E fez-se luz na minha cabeça, já tinha pensado muito nisto, mas nunca tinha conseguido verbalizar. A verdade é que há pessoas tão inteligentes, mas com tanta dificuldade de perceber que o mundo seria muito melhor se agissem de forma diferente, que muitas vezes me pergunto se serão realmente inteligentes. Por outro lado, há pessoas que aparentemente não são muito inteligentes, mas que percebem esta realidade.

Então é isso, acho que há quem tenha a inteligência que comummente conhecemos, mas há quem depois tenha uma espécie de inteligência da compaixão, enquanto outros têm uma inteligência egoísta. E andava a pensar sobre isto, quando no blogue Pensar Eco, é lógico!, a autora publicou A falsa racionalidade humana que deixa rastos de destruição. E realmente, o que mais existe por aí é egoísmo, pessoas que sendo inteligentes não entendem o básico da forma de como funciona o mundo, só podem ter uma inteligência egoísta. Quem não consegue observar e agir para um mundo melhor para todos, porque quer beneficiar de alguma coisa especificamente é egoísta.

E claro, não vamos ser utópicos, quase ninguém tem uma inteligência de compaixão a 100%, há sempre algum egoísmo na condição humana. Mas quando essa característica predomina, algo está errado, segundo a minha forma de percepcionar o mundo e a nossa importância nele.

E andava eu, a pensar nisto, a pensar nisto. E entretanto fui ao concerto e adorei, verdade seja dita. Mas ainda comecei a pensar mais, e cheguei a algumas conclusões. A inteligência da compaixão acho que se relaciona à ideia de liberdade. Quem realmente quer ser livre, percebe que o mundo tem de ser um lugar melhor, no qual não devemos viver subjugados a outros, nem tão pouco destruirmos tudo à nossa volta. Acho também que quer realmente ser livre, não o quer só para si, mas quer que isto seja uma realidade para a humanidade.

Mas depois do concerto, vinha a pensar nas letras das músicas que já conheço há tanto tempo, na liberdade e nesta inteligência da compaixão. E embora eu goste muito de ambos os cantores, acho que o Sérgio Godinho canta uma liberdade mais socialista, ligada aos direitos sociais, enquanto o Jorge Palma canta uma liberdade mais anarquista, ligada à essência da pessoa, sem hierarquias. E sinceramente, as duas não deixam de ser utópicas. Mas acredito que a liberdade mais social seja mais concretizável que a liberdade mais anárquica. Seja como for, e já estou a fugir ao tema central desta publicação, acho que quando se reúne a inteligência com a vontade de ser livre, temos as condições essenciais para nos sensibilizarmos com o outro, tantos os humanos como com os outros seres.

A questão é, valorizamos tanto a inteligência mecânica, verbal, do raciocínio, entre outras, e porque valorizamos tão pouco a inteligência que poderia beneficiar todos?

Sem comentários:

Enviar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...