terça-feira, 8 de março de 2016

Dia da mulher

Como já escrevi na publicação Feminismo, licença de paternidade, o homem e a família, não ligo muito ao dia da mulher, na forma como é amplamente visto pela maioria das pessoas. E mais uma vez reforço, a mulher não é um ser especial por ser mãe, trabalhadora, esposa e dona de casa. A mulher, cada uma, é uma pessoa com a sua personalidade própria, os seus gostos, os seus desejos e os seus direitos. E isso é mais que ser mãe, mais que ser trabalhadora, mais que ser esposa e mais que ser dona de casa.

Agora que fui mãe e para não acharem que não sei do que falo, já pensei muitas vezes como conseguiam as mulheres ser mães, educar os filhos muitas vezes sozinhas (mesmo com maridos presentes), trabalharem fora de casa, serem boas esposas (seja lá o que isso for) e ainda terem de fazer todas as tarefas domésticas. Mas será que realmente conseguiam? Será que não ficava nada para trás, sim elas ficavam para trás, os seus sonhos, os seus desejos, etc, etc. Muitas vezes, as próprias relações com os filhos eram prejudicadas, pois não havia tempo para as coisas que nutrem as relações pessoais, para o amor propriamente dito. E os casamentos eram felizes?

Cada caso é um caso, mas quando oiço nestes dias as pessoas valorizarem as mulheres por serem tudo isto sozinhas, eu não consigo valorizar. Não que não reconheça o esforço, reconheço e bem de perto, na minha mãe, nas minhas tias, nas mães das minhas amigas, nas avós que durante anos serviram os filhos, os maridos e os patrões. Que durante anos se esqueceram de si mesmas. Mas não são essas mulheres que devemos homenagear. A essas faltou-lhes a educação em casa e por parte do Estado que a fizessem acreditar que a vida não tinha de ser esse fado diário. Que como pessoas também têm opinião, que os filhos são importantes, mas que também têm pais que lhes podem dar banho, mudar fraldas e passar a roupa a ferro, que os maridos não têm de ser servidos com vassalagem.

Por isso, não homenageio as mulheres, mães e esposas guerreiras que trabalham de dia e de noite. Homenageio as que tiveram coragem de dizer que essa não tinha de ser a sua vida, aquelas que também se valorizam enquanto pessoas.

As que trabalham fora de casa, mas também as que decidiram ser mães a tempo inteiro;
As que fazem as coisas da casa, mas que sabem que não têm de ser elas a fazer tudo;
As que amam os maridos, mas sabem que amar não é ser seu vassalo;
As que têm filhos, mas também as que não os têm por decisão própria;

Homenageio todas as mulheres que decidem por si o que é melhor e não o que outros acham que devem fazer. E se a mulher acha que deve sobrecarregar-se até mais não, também está no seu direito (talvez para algumas isso não seja sobrecarga), mas não tem esse de ser o fado de todas as mulheres, porque um dia houve mulheres que disseram Não.

Imagem retirada de http://earthsky.org/human-world/celebrating-100-years-of-international-womens-day

Já agora, homenageio sobretudo as mulheres que educam os seus filhos para que compreendam que as diferenças de género não fazem sentido, a respeitar qualquer pessoas com o mesmo grau, independentemente de ser homem ou mulher.

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