sábado, 28 de novembro de 2015

Influência do marketing e publicidade na nossa vida: as cores e os bebés

Mais uma vez vou falar das roupinhas de bebé e das cores. Como já deu para perceber nas publicações que fiz: É menina ou menino? e Feminismo, licença de paternidade, o homem e a família, eu sou completamente contra a diferenciação de género. Sobretudo em bebés, esses seres puros que nascem sem preconceitos, mas que são logo atirados a todo o tipo de preconceito e mais algum.

Durante a gravidez foi complicado explicar que tanto me fazia ter um menino ou uma menina. E ainda mais difícil as pessoas aceitarem que eu não soubesse o género, porque isso significava que não me podiam dar nada porque não sabiam o sexo da criança. Eu expliquei milhares de vezes que prefiro coisas neutras, amarelo, branco e verde. Não queria, até porque não gosto muito, coisas cor-de-rosa e azuis, mas isso foi um grande problema. De tal forma que muita gente esperou até ao nascimento para comprar alguma coisa, porque mais vale comprar coisas de cores que os pais não gostam, do que vestir uma criança com a cor errada, não vá o pobre bebé ficar confuso.

É uma ideia que acho parva, mas ainda consigo tolerar de família e amigos. Mas apenas destes, quando essa ideia vem de pessoas de fora torna-se pior.

E assim ainda antes de ter o bebé fui comprar uns babetes para bordar aqui à retrosaria perto de casa. Mas não eram para o meu bebé, eram para oferecer. E lá tive de levar com a intromissão e moralidade da vendedora. Discurso:

Vendedora: Então o que queres?
Eu: Queria uns babetes para bordar.
Vendedora: Mas já sabes o que é?
Eu: Não, mas os babetes também não são para mim, são para oferecer.
Vendedora: E é para um menino ou menina?
Eu (idiota que ainda respondo): São dois meninos e uma menina.
Nisto a vendedora começa a fazer duas pilhas de babetes cor-de-rosa e azuis.
Eu: Mas já não tem daqueles verdinhos como levei da outra vez?
Vendedora: Então mas tens aqui os rosa e os azuis, se sabes o que é podes levar estes.
Eu: Mas eu não gosto destas cores, prefiro verdes ou amarelos.
Ficou com uma cara incrédula e lá me mostrou uns amarelos, já não tinha verdes. E pronto lá escolhi os babetes.
Eu: E estas toalhas de banho dão para bordar?
Vendedora: Dão, mas só tenho azuis, se é para o teu bebé neutras só tenho estas.
Neste momento já eu estava a ficar irritada com a história das cores e disse que não gostava das amarelas que ela mostrou, mas até gostava da azul, mas decidi não comprar e fui embora.

E diga-se passagem não sei se volto lá a meter os pés. Afinal, eu enquanto consumidora não tenho direito a ter os meus gostos? Eu que sou grande defensora do comércio tradicional, percebi que este pode ser problemático quando as vendedoras acham que por nos conhecerem há anos podem dar palpites sobre o que devemos comprar.

A verdade é que eu não desgosto totalmente do rosa e do azul, embora também não goste muito. Mas está tão, mas tão enraizada a ideia que essas cores têm de ser associadas a um género que prefiro nem ter nada assim. Um dos principais motivos é que eu quero ter mais filhos e quero aproveitar tudo, quanto mais neutro mais fácil. As coisas vão ser usadas tão pouco tempo que prefiro saber que são coisas que vou reutilizar independente do género de um hipotético segundo filho.

Não que eu me importe de vestir um menino de rosa ou uma menina de azul, mas se é já é difícil aturar críticas no abstrato, imaginem o que é aturar críticas no concreto. O que me pergunto muitas vezes é se as pessoas não se perguntam o porquê? Porquê estes estereótipos? E a resposta está aqui Por que rosa é cor "de menina" e azul, "de menino"?.

Percebem? Não há nada que leve a esta diferenciação, apenas o marketing e a publicidade sentiram necessidade de diferenciar. E para quê? Para venderem mais e mais.

Eles decidem e as pessoas comem tudo, sem reclamar, sem contestar, sem pensar.

No grupo das fraldas reutilizáveis que frequento existem mães que vendem fraldas em 2ª mão porque tiveram um menino e agora vão ter uma menina (ou vice-versa) e acham que os padrões não se adaptam. No caso das fraldas ainda por cima, estamos a falar de peças que andam tapadas.

Vendem fraldas em 2ª mão e acabam por comprar fraldas novas muitas vezes, por uma questão estética. Claro que as marcas agradecem, mais produzem, mais vendem, mais ganham... E nós mais consumimos, diariamente a consumir. Porque a publicidade e o marketing fazem-nos crer em coisas sem qualquer sentido. As marcas ditam regras e nós parecemos alucinados que não conseguimos pensar pela nossa própria cabeça. Fará isto qualquer sentido?

Eles querem vender e vender... e nós queremos ser consumidores e pessoas aceites pela sociedade, um bando de cordeirinhos. E surge mais uma vez o velho ciclo, mais consumimos, mais lixo produzimos, mais embalagens, mais viagens, mais energia.

E não é só nisto das cores das roupas dos bebés, mas como é isto que ando a viver mais de perto é a isto que tenho prestado mais atenção.

Imagem retirada de http://arosredondos.com/2014/10/22/weareblueandpink/

Já agora leiam a publicação de onde tirei esta imagem, fico contente porque há mais gente a pensar como eu: Rosa de menino, azul de menina.

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