terça-feira, 20 de outubro de 2015

Conhecer o nosso país, consumir nacional

Na minha opinião, para sermos mais sustentáveis antes de tudo devemos consumir menos, depois consumir local, produção local, cadeias de distribuição locais. Aliás, já escrevi isto várias vezes por aqui. Mas temos sempre de consumir e além do ter, há sempre alguma coisa que queremos, mesmo que não seja essencial. Por isso, temos de tentar sempre conciliar todas estas questões. E claro, o preço, infelizmente muitas vezes o preço é o que nos leva a decidir por um produto em detrimento de outro, não somos imunes a isso, sobretudo se temos pouco dinheiro.

E depois vamos às grandes superfícies para comprarmos as coisas mais baratas, às vezes não são tão baratas assim. Eu também gosto muito dos descontos do cartão continente, wells, zippy, modalfa, uma verdadeira cadeia à portuguesa. Mas mesmo quando somos preocupados e tentamos nestas superfícies comprar produtos portugueses ou europeus, nem sempre encontramos.

E parece que nada do que precisamos se faz em Portugal. E é aí que entra a importância de conhecer Portugal, eu conheço o país relativamente bem, de norte a sul, este a oeste e arquipélagos. Conheço de já ter ido e de ter estudado. Isto de ter um curso de geografia serve para alguma coisa, nem que seja para nos encher de conhecimentos sobre o nosso país. E nós produzimos muita coisa, talvez não em grande escala, mas há muita produção que talvez não seja competitiva com o que vem do exterior, nem consiga ter grandes canais de distribuição, mas desenvolve o nosso país. Desenvolve, dá trabalho e ao comprarmos local estamos a estimular a economia e a diminuir os gastos energéticos em transportes.

E agora vou dar dois exemplos que conheci por acaso, quando andava às voltas por esse país distante, coisas que não fazia a mínima ideia que existiam. Mas promovem o emprego e a continuidade de pessoas a morar em pequenas terras do interior.


Palaçoulo

Palaçoulo é uma pequena aldeia do concelho de Mirando do Douro, Trás-os-Montes conhecida pela industria da cutelaria e tanoaria (Palaçoulo a aldeia mais industrializada do país). Conheci esta aldeia há uns dois anos e não fazia ideia que uma pequena aldeia pudesse ter tantas pequenas fábricas.

Na altura fomos ver uma das cutelarias, por acaso entrámos na FILMAM, podíamos ter entrado noutra qualquer. Foi uma visita interessante. E claro, estávamos lá e comprámos facas para oferecer, pode parecer estranho oferecer facas, mas pronto é o que se arranja. Aliás, encontrámos um suporte para facas magnético como andávamos à procura há imenso tempo e nem em supermercados ou IKEA tínhamos encontrado.

Perguntámos onde podíamos encontrar os produtos deles em Lisboa, ao que nos disseram que vendiam muito pouco para Lisboa. Aliás grande parte da sua produção é para exportação. Nunca hei-de compreender esta lógica de exportarmos o que fazemos e importarmos produtos semelhantes. Mas bem, nos supermercados é bem fácil encontrar facas produzidas na Benedita. Por isso da próxima vez que precisarem de uma faca, lembram-se de ver a procedência.

Imagem retirada de http://www.filmam.com/

São Pedro do Corval 

São Pedro do Corval pertence ao concelho de Reguengos de Monsaraz, Alentejo e é uma aldeia conhecida pela olaria. Pelo que nos disseram é o maior centro oleiro (pelo menos de barro vermelho) de Portugal. Conheci esta localidade este ano durante as férias, porque alugámos uma casinha em São Pedro do Corval. As olarias são praticamente porta sim, porta sim como se pode ver neste link.

Nós fomos à Olaria Patalim, onde se pode conhecer todo o processo de fabrico dos produtos, além disso tem uma pequena exposição onde explica como se fazia antigamente. Gostei bastante. A olaria é familiar e o oleiro é uma pessoa jovem, o que me fez pensar que ainda há alguma vitalidade na olaria. E pronto lá comprei um tachinho que tem como objectivo fazer arroz de tomate.

Imagem retirada de http://www.pedrovilela.pt/2006/04/olaria-patalim-2/

São pequenos gestos de consumo é verdade, mas que nos fazem lembrar um lugar concreto e dar algum estimulo à economia local e consequentemente à fixação de população em terras conhecidas pelo despovoamento.

Claro que isto são apenas alguns exemplos, por esse país fora existem muitos mais sítios a conhecer.

Já agora, voltando à história das facas de Palaçoulo há uns meses dizia isto a um amigo, sobre exportarmos facas e importarmos facas. Ele dizia-me que a nível económico pode ser uma mais-valia, porque podemos estar a exportar um produto mais caro e a importar um produto mais barato. Não entendo nada de economia, mas quer-me parecer que estas lógicas económicas são muito insustentáveis.


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