quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Coberturas verdes e o ambiente urbano

Há uns quatro anos, estava a trabalhar numa Avaliação Ambiental Estratégica e dado o impasse do projecto que não andava nem desandava, o meu chefe decidiu pensar em soluções intermédias para a resolução do problema.

O problema era o seguinte: havia uma área urbana com solos altamente contaminados para o qual estavam a fazer um plano de regeneração urbana. Mas como o plano por diversas circunstâncias não arrancava em toda a sua plenitude, optamos por sugerir um faseamento da execução do plano. O que dividiria as áreas urbanas a regenerar em diversas fases, aquelas que não fossem regeneradas no imediato teriam soluções intermédias para melhorar as suas características ambientais.

Neste contexto, surgiu a ideia de incentivar as coberturas verdes nos edifícios, quer nos novos a construir aquando da implementação dos Planos de Urbanização e Planos de Pormenor, quer nos edifícios já existentes (se a solução pudesse ser adoptada) em áreas que o Plano só iria intervir em fases mais tardias.

E foi disto que me lembrei quando vi o que vos mostro na fotografia que se segue.

Pinheiro nascido no telhado de uma casa abandonada em Vila Nova de Poiares
Imagem própria
Isto é uma verdadeira cobertura verde orgânica, a natureza no seu maior grau e, vá, o desleixo humano na mesma escala. Infelizmente, este é o tipo de cobertura verde que se vê mais por Portugal. Claro que existem alguns edifícios com coberturas verdes a sério, mas são poucos.

Mas afinal, como ajudam as coberturas verdes o ambiente? Como contribuem para a sustentabilidade e diminuição da poluição de uma área urbana?

Andei à procura das minhas pesquisas e as coberturas verdes ajudam de muitas formas. Estas coberturas ajudam a regularizar o conforto climático das áreas urbanas, contribuindo para a sustentabilidade ecológica e consequentemente para o bem-estar da população. O que no fundo é o que qualquer área verde faz, mas neste caso estamos a aproveitar espaços que não têm qualquer função.

A nível ambiental e ecológico, estas coberturas trazem benefícios, tais como evitar o transbordo do sistema misto de esgotos, reduzir o impacte do dióxido de carbono, neutralizar o efeito das chuvas ácidas e fornecer novo habitat para pássaros e insectos. Para a comunidade, estas coberturas têm vantagens como a limitação do escoamento das águas pluviais, a diminuição do efeito da ilha de calor urbano, a redução do smog e do ruído, menores perdas energéticas, e ainda, a melhoria da qualidade do ar e da estética paisagística. Para os proprietários dos edifícios tem vantagens como o aumento da esperança média de vida da cobertura, a redução de custos com o arrefecimento no Verão e o aquecimento no Inverno, uma gestão mais fácil das águas pluviais, bem como a vantagem de aproveitar um espaço morto como jardim.


Os sistemas de coberturas verdes não são todos iguais, existindo o extensivo (mais simples, requer menor investimento e menor manutenção), o intensivo simples e o intensivo (sistema mais complexo, composto por arbusto ou mesmo árvores, é o que requer maior investimento, maior capacidade estrutural do edifício e maior manutenção).

Lembro-me de quando fui a Berlim, mais ou menos na mesma altura que andava nestas pesquisas ver imensos edifícios com coberturas verdes.


Gulbenkian, Lisboa - talvez dos edifícios portugueses com coberturas verdes mais famosos
Imagem retirada de https://pt.wikipedia.org/wiki/Cobertura_verde
Hundertwasserhaus em Viena, além de cobertura verde tem também paredes verdes
Talvez este edifício tenha sido das coisas que mais apreciei em Viena
Imagem retirada de http://www.wien.info/en/sightseeing/green-vienna/green-walls-in-vienna
Projectos ao nível do sonho
Imagem retirada de https://arquitetivismo.wordpress.com/category/arquitetura-sustentavel/
Isto sim! Isto são coberturas verdes a sério, não pinheiros nascidos em telhados de casas abandonadas.

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