quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Na Cidade não há hortas

Cá em casa temos um quintal, no qual cultivamos algumas coisas. Não cultivamos abundantemente e não comemos só, nem sequer essencialmente, o que produzimos. Mas algumas coisas vamos tendo.

Basicamente a nossa agricultura restringe-se a tomates, pepinos, courgettes, cebolas, feijão e alfaces. Por vezes espinafres e algumas couves, o facto de não semearmos mais coisas, deve-se sobretudo a não fazermos vida da agricultura. Além disto temos as ervas aromáticas: salsa, coentros, hortelãs, poejo, tomilho, alecrim e algumas árvores de fruto, sem contar com as minhas magníficas flores. As quais não são para comer, mas embelezam a vida de qualquer pessoa.

Devo dizer, antes do mais, que nesta parte do quintal e da horta, as minhas tarefas são quase nulas, não faço grande coisa, é verdade, deixo o meu pai e o meu namorado ocuparem-se disto, até porque têm mais conhecimento e têm mais jeito do que eu. Cá em casa não usamos fertilizantes, pelo menos nada parecido ao que usam nas grandes explorações, nem sequer fazemos tratamentos como há quem faça de sulfatar árvores e coisas do género. Embora eu desconfie que, às vezes, eles lá insiram um bocadinho de nitrato de amónio, mas mesmo assim é quase nada. Aliás, as pessoas que vêm cá a casa estão sempre a criticar a nossa agricultura, porque acham que senão pomos fertilizantes aquilo não vai dar nada, porque temos de arrancar mais as ervas, porque não devemos deixar no solo restos de outras culturas (eu penso exactamente o contrário).

Há muitas pessoas que pensam que o ideal é terem o solo no máximo da limpeza, sem restos do que teve antes, mas no meu entender uma planta para nascer teve de consumir nutrientes do solo, logo os seus restos deverão ser devolvidos a esse mesmo solo para o fortalecer. Penso que isto faz sentido, pelo menos para mim. Além destes restos orgânicos, o solo também é enriquecido pelo estrume dos nossos animais, já bem decomposto.





Termos os nossos próprios legumes e frutos tem diversas vantagens, primeiro sabemos que eles estão ali sempre à mão de semear, neste caso de colher. Segundo, são mais saudáveis que os de compra por não terem uma quantidade de químicos. Em terceiro lugar, contribuem para a libertação de oxigénio o que também é essencial para a nossa saúde. Em quarto lugar ao restrigirem as nossas compras de alimentos frescos, os quais na maioria das vezes vêm de lugares distantes, diminuem a quantidade de combustíveis que são usados em transportes, bem como grande quantidade de embalagens usadas. Por exemplo, já pensaram bem na diferença de embalagens porque que passaram as cebolas que compro no supermercado em relação às cebolas que tenho no quintal. E bem há muitas mais vantagens que agora talvez não me esteja a lembrar.

Depois contribuí para um ciclo que eu adoro, o chamado "ciclo do meu quintal"... os vegetais nascem, alimentam-nos, os seus restos alimentam as minhas galinhas e cabras, as quais crescem no quintal em liberdade fornecendo-nos carne (sim eu como carne, hei-de falar disso noutra postagem em breve), as galinhas também nos fornecem ovos. Os dejectos dos animais, juntamente com alguns restos vegetais, passado um tempo voltam ao solo, tornando-o mais rico em nutrientes, os quais são necessários para o crescimento dos vegetais. É a natureza no seu estado mais puro e belo, um ciclo perfeito.

Assim, a agricultura caseira, a pequena escala, mesmo que não seja 100% biológica é óptima para nós, para os nossos animais e para os pequenos animais que povoam as nossas cidades, vilas e aldeias. Isto se as pessoas não decidirem matar os pássaros, abelhas, caracóis e lagartixas entre outros porque lhe vão picar uma maça. Acho que no fundo, quem pode ter um jardim, uma horta, ou simplesmente um vasos na varanda está a ajudar a criar habitats, a fazer barreiras naturais à poluição, a consumir o dióxido de carbono e a libertar oxigénio... Em última análise, é excelente para diminuir a quantidade de mercadoria transportadas e de embalagens gastas.

E claro, se a produção de algum produto for grande pode sempre distribuir pela família, amigos e vizinhos que não podem ter os seus próprios produtos. Pode também vendê-los, ajudando muitas vezes famílias com baixos rendimentos a terem um bocadinho mais. E ainda dedicar-se às conservas, como falo nesta postagem Polpa de Tomate e a Reutilização de Frascos de Vidro

A música diz que "Na cidade não há hortas", mas eu vivo a menos de 15km de Lisboa e tenho uma horta e há quem a tenha mesmo dentro da cidade. Vivo quase num misto de ser sustentável quando produzo alguns alimentos, mas também ser sustentável porque vou trabalhar de transportes públicos. Que mais posso querer?

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