Mas isto fez-me lembrar de uma história que queria partilhar convosco, quando saiu a colecção da Renova às cores, primeiro só com o papel higiénico preto e vermelho, devo confessar que fiquei fascinada. Aliás, ainda hoje acho que visualmente é um produto apetecível, embora completamente inútil. Adorava, sobretudo o papel preto até porque ficava (teria ficado, se eu alguma vez o tivesse comprado) muito bem na minha casa-de-banho que é preta. Mas claro, nunca o comprei porque era caríssimo, vi agora no site da Renova que seis rolos custam 7,15€ (tal disparate!).
Agora mesmo que tivesse dinheiro, nunca o compraria, porque o aumento da minha consciência ambiental impede-me de comprar coisas que acho completamente inúteis, tendo em conta os recursos utilizados. Afinal, é o facto de estarmos a utilizar uma dada percentagem de fibras de papel novas, é utilizar tinta, utilizar perfume, tudo uma inutilidade pegada (na minha opinião), tendo em conta o fim para que serve. É que, eventualmente, até posso comprar papel higiénico de folha dupla/tripla e que não seja 100% reciclado, caso o sítio onde compro não tenha papel higiénico de folha simples 100% reciclado. Mas comprar papel higiénico às cores ou com perfume, jamais!
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Imagem retirada de http://www.forbes.com.br/negocios/2016/01/conheca-o-homem-por-tras-do-papel-higienico-mais-famoso-do-mundo/ |
Mas é lindo não é? Eu acho lindo. Mas nem toda a gente o acha. E é agora que vos vou contar uma história sobre este papel higiénico.
Tenho um primo que anda a vender de aldeia em aldeia no interior de Portugal, ele tem uma carrinha onde vende tudo o que são produtos de mercearia. Quando saiu esta gama de produtos, a Renova fez uma campanha qualquer, onde ele teve direito a pacotes de papel higiénico destes na compra de outros produtos da marca. E como vimos acima, estes rolos que cada um custa mais de 1€, ele não os conseguiu vender. Os habitantes das aldeias, na sua maioria velhotes, não queriam papel higiénico preto, não o queriam quando era mais caro que o branco, não quiseram quando ele o tentou vender ao preço do branco, nem sequer quando o tentou vender mais barato que o papel branco. A verdade é que o papel que eu acho bonito, mas inútil e um desperdício de recursos era para a população destas aldeias simplesmente "mau, um produto que nem pensar usar".
Nessas aldeias, na altura, havia muitos imigrantes búlgaros que trabalhavam na agricultura e foram eles que acabaram por comprar o papel todo, mas só o compraram porque o meu primo o começou a vender a um preço muito inferior ao papel branco. Esta foi a única forma de alguém querer o papel.
E assim, um papel higiénico conhecido pelo seu design e que utilizou demasiados recursos acabou por ser vendido baratíssimo porque ninguém o queria. Aqui, está a prova que o valor que estamos dispostos a pagar depende de muitas coisas, sobretudo das nossas ideias sobre o que é bonito ou feio e sobre a nossa necessidade de estatuto social ou não. No meu caso, das características ecológicas, claro.
Gosto desta história. Queria partilhar convosco e já sabem, escolham papel reciclado e de folha simples.
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