sábado, 10 de outubro de 2015

Crianças... que futuro? Tecnologia ou natureza

Há uns três anos fui a um jantar, na mesa estava um bebé que ainda não falava, os pais deram-lhe o iphone e disseram todos contentes que ele adorava-o... não ouvi o bebé o jantar inteiro. No fim do jantar, devíamos ser umas quinze pessoas, todas pegaram no seu smartphone e começaram a informarem-se não sei bem sobre o quê... todas as pessoas menos duas, eu e o meu namorado. Senti-me uma extraterrestre ali no meio.

Também uso o telemóvel e ainda mais o computador, mas para mim é impensável estar com alguém a jantar ou simplesmente num convívio e ir informar-me do que se passa no mundo. Mas mesmo assim, às vezes parece que ando mais informada do que aqueles que se estão sempre a informar.

Há uns dias, a minha sobrinha de oito anos explicava ao meu pai que tinha criado imensas páginas no facebook, acho que o meu pai achou aquilo um bocado estranho. Quando eu tinha oito anos e vinha visitar o meu avô pedia-lhe se podia ir apanhar couves para dar às galinhas ou se lhes podia dar milho. Bem a minha sobrinha gosta de ver os coelhinhos, mas acho que nunca deu comida às galinhas.

As crianças têm em geral menos contacto com a natureza, há imensas desculpas para isso, porque vivem em cidades, porque é perigoso sair à rua, mas conheço crianças em aldeias e a realidade é a mesma, as crianças estão fechadas. Por culpa delas? Por culpa dos pais? Talvez de todos, da sociedade, dos media que passam uma ideia de perigosidade descontextualizada da realidade.

Na faculdade, na cadeira de Geografia Urbana li um texto que se chamava "O urbanismo como modo de vida", não me lembro do autor, mas exemplificava bem estas questões de que tanto nas cidades como no campo o modo de vida é igual. É o modo de vida urbano, o que no caso das crianças significa estar fechado em casa em frente aos meios tecnológicos.

Sobre isto saiu há uns meses esta reportagem Estamos a criar crianças totós e de uma imaturidade inacreditável, a qual concordo completamente e acho muito interessante. A isto junto este vídeo que encontrei no blogue Sustentabilidade é Acção na postagem Crianças, natureza e tecnologia.



Oiço constantemente as pessoas a dizerem que hoje os miúdos são muito inteligentes que sabem tudo. Pois é natural que o meu pai quando tinha oito anos não soubesse criar páginas no facebook. E isso prejudicou-lhe a vida? Não creio. Em compensação com oito anos, ele ia sozinho de comboio de Lisboa para Coimbra e depois para Vila Nova de Poiares de autocarro, aos onze anos trabalhava a fazer barris, aos catorze ano trabalhava na pica em doca seca, aos vinte e dois anos foi pai da minha irmã. Claro que não podemos comparar os tempos, mas serão realmente os miúdos de hoje assim tão inteligentes, acho que não, há os que são e os que não são como sempre. No entanto, em geral os miúdos de hoje têm uma desvantagem em relação à geração dos meus pais e mesmo à minha geração, não se sabem desenrascar, não improvisam, porque não aprenderam a fazê-lo. Porque não brincaram, sabem mexer em tecnologias, falam inglês, sabem nadar e andaram no judo, mas na hora H não sabem apanhar o metro. Conheço pessoas com dezoito anos que não sabem fazer nada, a culpa é deles ou da super-protecção?

As crianças precisam de brincar, de cair, de chorar, de rir, de inventar, precisam estimular a criatividade. Como futura mãe espero não me desiludir a mim própria no futuro e perceber que também fui super-protectora e que o meu futuro filho só sabe viver no mundo virtual.

2 comentários:

  1. Olá Sónia ;-)

    Crianças... que futuro? Esta pergunta tem resposta tão fácil!

    Afinal de contas o futuro é o presente!

    Mas o que mais gosto são os "dias mundiais das crianças"

    Amo tanto a minha filha... Que não a tive nem nunca a terei.

    Bj
    voza0db

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  2. Não acredito que esse seja o futuro de todas as crianças, por definição, continuo a achar que faz parte de nós deixar que isso não seja assim. Mas claro que há a sociedade. Mas bem sempre houve e nem por isso toda a gente sempre foi o que a sociedade criou.

    Mas compreendo perfeitamente quem não quer ter filhos porque acha que este mundo é o sítio ideal para não ter crianças, às vezes também penso isso.

    Dias mundiais, sejam do que for, em geral não me dizem nada. Muito menos se for para dar presentes só porque sim.

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