segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Fruta

Fruta, a maravilhosa fruta, se me perguntarem na generalidade qual o meu tipo de alimento preferido, sem dúvida que é a fruta. Se fosse obrigada a comer o resto da vida apenas um tipo de alimento, o que eu escolhia era a fruta, nem carne, nem peixe, nem produtos lácteos, nem sequer doces. Se fosse obrigada a escolher para o resto da vida entre uma maça e bolo de bolacha, a escolha era a maça, ainda bem que não tenho de escolher.

Desde pequena que a minha mãe comprava-me todo o tipo de fruta e mais algum, habituei-me a comer basicamente toda a fruta e nem sei qual a minha fruta favorita. Acho que não tenho, depende da estação, agora ando na fase que só me apetecem uvas.

A fruta é doce, a fruta é fresca (também gosto de frutos secos, adoro castanhas), a fruta é saudável e é um alimento em estado natural. Não é preciso cozinhar (mas também gosto cozinhada), não é preciso adicionar nem sal, nem açúcar. É perfeita!

Não precisa de imensas embalagens e podemos consumir muitas frutas a nível local. Se neste momento só encontrarem a vender laranjas da África do Sul, comam uvas. Mas ainda se encontra a bela laranja algarvia nos supermercados.

"Os frutos possuem um alto valor nutricional e possuem geralmente altos índices de fibras, água e vitaminas. A fruta contém também diversos fotoquímicos que são fundamentais para a saúde e preservação dos tecidos celulares e prevenção de doenças relacionadas com a má nutrição. O consumo regular de fruta está associado à redução do risco de cancro, de doenças cardiovasculares, da doença de Alzheimer, cataratas e de alguns dos declínios associados com o envelhecimento." (in http://www.alimentacaosaudavel.org/Fruta.html). Bem se apenas contasse a fruta que como, nem o facto da minha mãe ter morrido de cancro, o meu pai ser cardíaco e a minha avó ter tido Alzheimer, tudo coisas simpáticas e hereditárias chegariam à minha pessoa. Mas tenho noção que a fruta é boa, mas não é milagrosa.

Normalmente a fruta que compro é toda portuguesa, costumo ter esse cuidado, mais uma vez porque quer a nível ambiental, quer a nível económico essa é a melhor opção. As bananas costumo comprar ao exterior, mas para me redimir de umas quatro em quatro vezes compro bananas da Madeira. As restantes frutas tropicais é raro comprar até porque não fazem parte das minhas frutas favoritas. Além dos motivos ambientais e económicos comprar fruta do outro lado do mundo significa que ou está cheia de químicos que a permite aguentar imenso tempo ou foi apanhada praticamente verde, o que normalmente faz com que nem chegue muito saborosa nem muito nutritiva. A não ser que tenha sido transportada de avião.

Mas a verdade é que não compro assim tanta fruta quanto isso. Cá no quintal temos durante o ano: damascos; morangos; ameixas; figos; framboesas; dióspiros; tamarilhos e anonas. E este ano tivemos uvas, três cachos de uvas. Claro que não temos grandes quantidades de nada, com excepção das ameixas, mas vai dando para comer agora umas frutas agora outras.

Os meus sogros costumam ter e dar-nos, ou melhor, inundar-nos a casa de: cerejas, uvas, meloas, pêras, laranjas, tangerinas.

Na casa que temos na terra do meu pai todos os anos apanhamos laranjas e tangerinas, bem e o meu pai às vezes apanha os pêssegos do vizinho, tão biológicos, tão biológicos que costumam estar carregadinhos de bicho.

Além disto às vezes ainda me dão melâncias, nêsperas, romãs. Algumas das minhas frutas favoritas.

Nós cá em casa não pomos nada nas árvores, por isso a fruta é realmente pura, os meus sogros costumam sulfatar, mas nada que se compare às grandes explorações.

Nesta altura, também costumamos comprar maças directamente ao produtor, as quais ficam bem mais baratas e apenas usam como embalagens aquelas caixas plásticas grandes que são reutilizáveis, não há sacos e saquinhos de supermercado. Neste caso, às vezes a minha sogra compra as caixas numa quinta perto da casa dela e em outra ocasiões compramos a uma prima de Carrazeda de Ansiães, terra conhecida pelas belas maças, que compra pomares inteiros para comercializar.

Neste momento aqui no quintal temos disto:

As framboesas
Imagem própria




Os dióspiros
Imagem própria

Há quem diga que a fruta é cara, eu por acaso acho-a barata se formos a comparar com outros alimentos. Claro que se vamos comer uvas em Maio ou melância em Janeiro, se existirem à venda, serão caras e a qualidade/sabor não serão os melhores. Depois nas minhas observações de cidade e de campo tenho assistido a algo curioso. A maior parte das pessoas da cidade que conheço comem mais fruta do que as pessoas do campo que têm o quintal cheio de árvores de fruto.

Quando vou à terra do meu namorado, as pessoas acham estranho o facto de eu comer tanta fruta, na maioria dos casos, as pessoas têm árvores carregadas de fruta que acaba por se estragar. Às vezes acho que é um bocado o síndrome da pobreza que ainda veio de outros tempos, antigamente ninguém deixava estragar fruta porque não tinha mais o que comer, agora não a comem porque acham que há coisas melhores.

Assim estraga-se fruta diariamente em muitas casas que têm as árvores à sua disposição.
Nos supermercados e lojas estraga-se fruta diariamente porque as pessoas só querem comprar fruta bonita.
Nas casas particulares estraga-se fruta comprada.

Ao fim e ao cabo qual será a percentagem total de fruta consumida tendo em conta a fruta produzida?

Cá em casa, às vezes também deixamos alguma fruta estragar-se, mas normalmente as galinhas comem na mesma e não se queixam. Quando temos muita, muita fruta em perigo de se estragar, a solução é fazer salada de fruta ou sumos. Há uns tempos, a minha solução era fazer compotas, mas ainda ando a comer compotas que fiz há mais de dois anos. Neste momento a que tenho aberta é de Figo e Laranja. As compotas duram imensos anos e eu não me importo de comer compotas bem antigas, mas algumas das minhas reservas, acho que não vou conseguir aproveitar mesmo. Costumava oferecê-las, mas cheguei à conclusão que a maioria das pessoas não as comiam. Por isso, lá vão as galinhas comer compotas.

Mas em todo este país quantos quilos de fruta se estragam todos os dias? Quando andei a fazer um trabalho de campo, descobrir e contabilizar pontos de águas, poços, nascentes e furos, eu e o meu colega de trabalho nuns terrenos abandonados perto de Vila Velha de Ródão apanhámos dois sacos de 50 litros de laranjas. Foram laranjas para o escritório todo. Provavelmente daqui a uns meses lá estarão essas laranjeiras carregadas e abandonadas.

A quantidade de fruta e de outros alimentos desperdiçados daria para alimentar quantas pessoas? Daria para que o preço ao consumidor baixasse quanto?

E quando falamos de fruta importada, não falamos apenas do alimento desperdiçado, falamos também dos gastos de transporte e do impacte ambiental destes, para no fim acabarem no caixote do lixo e posteriormente num aterro. Até porque a maioria das pessoas não têm galinhas a quem dar as cascas e algum bocado de fruta tocada. Nem fazem compostagem.

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