segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Reutilizar na era da internet

Lembro-me desde pequena fazer umas arrumações, basicamente consistiam em separar alguns brinquedos e roupa para dar. Como tinha diversos primos mais novos na terra do meu pai, normalmente as coisas eram para eles. E esta era uma tarefa que eu gostava muito.

Quando era mesmo bebé sei que grande parte das coisas que tive vieram de umas primas mais velhas. E mesmo mais velha, tenho ideia que as coisas eram sempre muito reutilizadas.

Depois acho que houve ali uma fase, aquela das vacas gordas, do consumismo puro, em que ninguém reutilizava nada. As coisas tornaram-se baratas e quase que reutilizar era mal visto. Acho que foi uma visão geral.

Actualmente, não sei bem em que pé estamos. Acho que a crise e as preocupações ambientais de algumas pessoas fizeram-nas voltar a reutilizar. Por outro lado, acho que há um grupo que prefere comprar coisas novas, mesmo que de má qualidade.

Mas acho que o reutilizar foi bastante potenciado com a massificação da internet. Núcleos familiares mais pequenos e talvez uma vida mais urbana fizeram com que o reutilizar não seja tanto como antigamente, ou seja entre familiares e vizinhos. As pessoas começaram a recorrer à internet como forma de dar ou vender os seus bens.

Acho que a primeira vez que comecei a ouvir falar muito da internet para a reutilização de bens foi pelo Freecycle Lisboa. Aderi para aí em 2007, mas nunca fui uma grande dadora nem receptora de bens, mas em compensação tive uma amiga que deu tudo e mais alguma coisa. Coisas por vezes que parecia que ninguém iria querer, havia sempre alguém interessado. Acompanhei-a a muitos encontros em Lisboa para entregar as coisas.

Acho que a febre do OLX só veio depois disso, quando descobrimos que o nossos "lixo" podia valer dinheiro. Acho muito bem. Afinal acho que é um bom negócio para as duas partes. Se há alguém disposto a pagar é porque dá algum valor aquele objecto, logo é bom para todos. Claro que isto tem um problema, a economia paralela, mas vamos ser realistas, desde que a pessoa não faça vida a vender coisas na internet sem pagar impostos, vender duas ou três coisas de vez em quando não me parece uma fuga muito grave.

Cá em casa o meu namorado tem algumas coisas à venda no OLX, basicamente computadores e coisas do género avariadas que mandaríamos para o lixo. Pelos vistos dão jeito a alguém, não ganhamos uma fortuna, mas sempre se ganha algo.

Recentemente percebi que os grupos do facebook também são uma excelente ferramenta para quem quer dar/receber, trocar ou comprar/vender. Estou em alguns grupos destas coisas de maternidade e vejo muita gente disposta a vender coisas em segunda mão. Bem devo dizer que acho que algumas pessoas exageram nos preços que querem vender as coisas. Mas outras ficam a preços bem acessíveis.

E pronto estreei-me na compra de coisinhas para bebé em segunda mão, comprei uma espreguiçadeira em muito bom estado. Não foi extremamente barata, há algumas a esse preço novas, mas esta para o que têm ficou basicamente a metade do preço.

Reutilizar algo que foi só usado por uma criança parece-me algo bastante sustentável, menos uma espreguiçadeira que vai ser vendida. E consequentemente produzida, etc, etc. Não sei bem se isto funciona assim, ou se simplesmente é mais uma que vai ficar para sempre num armazém à espera de dono, bem pela lei da oferta e da procura se houver menos procura, algum dia há-de passar a haver menos oferta. Acho eu, por isso é que a economia e produção chinesa estão em retracção, certo?

Tem claro a contrapartida de ter sido uma venda que não pagou impostos e assim não contribuiu para o estado, e claro, para todos nós. Isto se o pagamento de impostos, os quais concordo completamente, revertessem sempre para todos nós, como seria de esperar.

Mas acho que neste caso, a minha grande preocupação, ou seja, o lixo e a sustentabilidade em geral agradecem mais a reutilização de um produto. Do que todos nós agradecemos esses 23% de IVA que entrariam no cofre do estado. Além disso as espreguiçadeiras são feitas na China (pelo menos esta foi), assim sobra-me mais dinheiro para comprar umas roupinhas feitas em Portugal (mas poucas, que a sustentabilidade e o consumismo não andam de mãos dadas).


Sem comentários:

Enviar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...