sábado, 13 de agosto de 2016

Amamentar é ser feliz e ecológica

A semana passada (1 de Agosto a 7 de Agosto) foi a Semana Mundial do Aleitamento Materno e esta publicação está a ser feita porque quero partilhar convosco, o meu sentimento sobre este bem precioso, o nosso leite.

Acho que não vale a pena voltar a falar do que se passou comigo relativamente á amamentação, já fiz várias publicações sobre isso. Mas digo a todos o início da amamentação, para mim, não foi fácil. Nem sempre fiz o que a Organização Mundial de Saúde recomenda, cheguei a dar suplemento ao Luís (ao qual ele fez reacção) e introduzi-lhe a alimentação complementar antes dos seis meses. Mas houve algo que sempre me acompanhou, foi a confiança que iria amamentar o meu bebé durante muito tempo, por isso mesmo quando introduzi suplemento, nunca lhe dava mais do que 60ml ou 90ml diário, insistindo sempre com a mama, por isso sofri até ele fazer a pega correcta. Mas por isso tudo me sinto feliz, porque a sensação de ter vencido é enorme, a sensação de ter conseguido chegar onde eu quis, a sensação maravilhosa de me sentir um mamífero. Neste momento, amamentar já não é apenas uma necessidade do Luís, é também uma necessidade minha, se fico muito tempo sem lhe dar mama, sinto falta. De tal forma, que já com a amamentação completamente estabelecida, ao oitavo mês, tive outra mastite (bem complicada) e só a ideia de pensar que se podia complicar e pôr em causa a amamentação, me fez chorar, não sei se mais por ele ou se mais por mim.

Mas relativamente à semana mundial de aleitamento materno, no Domingo passado, em várias cidades, houve encontros de amamentação. Fui a um desses encontros e não podia ter vindo mais satisfeita, é recompensador ir a um sítio onde sentimos que há mais quem pense como nós. Onde as pessoas defendem a amamentação, não apenas em bebés pequenos, acabados de nascer, mas durante mais tempo. Pela primeira vez, estive num grupo onde as pessoas admitem que deram mama até aos três ou quatro anos e esse facto não foi criticado. E estar rodeada de bebés e de pais que sei que partilham algumas das mesmas ideias que eu, fez-me ficar realmente FELIZ.

No dia a dia, embora oiça algumas palavras de incentivo sobre a amamentação, oiço sobretudo pessoas admiradas por eu ainda dar mama (ele tem oito meses), e se o facto de eu lhe dar mama ainda não é de todo mal visto, quando eu digo que vou dar mama até ele querer, ai as coisas mudam de figura. Para a maioria das pessoas, um bebé com dois, três ou quatro anos que mama é motivo de vergonha. Da mesma forma, uma mulher que amamenta em público é mal vista por muita gente. No entanto, o que pode ter de mal uma pessoa amamentar em público? Acho que é uma das melhores formas de demonstrar e transmitir amor, só uma sociedade muito podre pode ver um acto de amor, sobrevivência como algo mau. É vergonhoso uma mulher na rua amamentar um filho, mas não é vergonhoso as nossas cidades estarem cheias de publicidade de mulheres semi-nuas (eu não tenho nada contra, aliás sou bem a favor do nudismo, embora tenha algum pudor devido sobretudo a uma educação que não transmitiu a nudez como algo comum no dia a dia, mas os cartazes publicitários não se relacionam com a ideia de nudismo como liberdade, são na maioria das vezes uma forma de objectificar o corpo feminino e também o masculino). O que quero dizer é que a nossa sociedade está trocada, afinal fisiologicamente as mamas servem para amamentar, não servem para serem expositores de soutiens. Mas a sociedade aceita melhor que sejam expositores de soutiens do que fonte de alimento para os seus filhos. (algumas imagens fantásticas)

Ecologicamente correcto, mas mais que isso socialmente justo, o leite materno possibilita a igualdade social.

Imagem retirada de https://www.facebook.com/WomansLoungeBR/photos/a.1581063608813461.1073741828.1574375652815590/1733522046900949/?type=3&theater

No entanto, e infelizmente, pela minha experiência são sobretudo as pessoas mais pobres e com menos conhecimentos que amamentam por menos tempo (sem contar com as pessoas de classes sociais favorecidas que não amamentam por uma questão de escolha). Mas uma coisa é a escolha pessoal, por mais que eu a questione, cada um está no seu direito. Mas o que sinto é que nas classes mais desfavorecidas não é uma questão de escolha, os mitos existentes de leite fraco, relacionados com problemas que as pessoas não sabem resolver, aliás nem sabem que se podem resolver (por exemplo, a má pega como era o caso do Luís) empurra as pessoas para os leites artificiais. É verdade que vivemos na era da informação, basta pegar num computador e podemos ter acesso a todo o conhecimento, no entanto quando as pessoas têm pouca formação têm mais dificuldade em aceder a mais informação e sejamos sinceros, os médicos, enfermeiros e outros profissionais em vez de esclarecerem, só querem dar soluções rápidas e o leite artificial é uma solução facílima.

Facílima, mas pior a nível de saúde (e também ecológico), mas também na parte económica e são as famílias com mais carências que pela minha percepção o compram mais. Ou seja as família mais pobres, menos informadas, têm a sua disposição um bem (o leite materno) natural, saudável e gratuito, mas andam a gastar dinheiro que não têm a comprar leite artificial (e a enriquecer, os que as fazem ser pobres, mas isso é outra questão, tenho de fazer uma publicação sobre a Nestlé, mas ainda tenho muito a pesquisar).

O que eu quero dizer é que é URGENTE informar, é urgente haver quem explique às mães os benefícios e que não há leite fraco e que os problemas se podem resolver que há profissionais para isso, nomeadamente as conselheiras de aleitamento materno. Acho que só mães bens informadas tem realmente poder de decisão, digam-me "Não amamento por escolha pessoal", mas não me digam "Não amamento porque não tenho leite", porque isso não é escolha pessoal, é falta de informação. Mas devia ser a sociedade, o estado, os médicos, os enfermeiros, a informar, a ajudar e a aconselhar estas mães. Seria positivo para todos, para as famílias, para o ambiente e mesmo para o próprio sistema de saúde, afinal além de alimento, carinho e amor, o leite materno é uma verdadeira vacina.

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