Mas tudo o que entra em coisas como querer usar produtos de higiene ou de limpeza com menos tóxicos, guardar embalagens a pensar que as vou reutilizar (sem ter qualquer ideia como) ou querer usar lenços e guardanapos de pano (hei-de falar disto numa postagem futura), separar o lixo que as pessoas misturam na loja ou apanhar lixo do chão, ele já acha demais.
Mas no fundo não sei quem contribui mais para o bem-estar do nosso planeta, se eu, se ele. É verdade que eu tento diminuir as emissões de dióxido de carbono, mas cá em casa é ele que contribui grandemente para o aumento de oxigénio. Já que é ele que trata do nosso jardim, o nosso jardim basicamente são um conjunto de canteiros no quintal. E da horta, essa parte é repartida com o meu pai.
Estes canteiros, muitos ainda são do tempo do meu avô. O meu avô tinha sempre os canteiros muito arranjados, afinal ele foi jardineiro dos jardins de Belém. Mas depois dele morrer, o meu pai nunca mais os teve muito bonitos. O meu pai gosta de flores, planta-as e rega-as, mas não tem muita paciência para a manutenção. Por isso, desde que eu e o meu namorado viemos viver cá para casa e ele começou a tomar conta do jardim, as flores estão muito mais bonitas, o espaço bem mais agradável, os bicharocos muito mais felizes, nomeadamente as abelhas. A beleza das flores enche-nos o espírito.
O momento áureo é claro, o renascer na Primavera, primeiro umas flores, depois outras. Viver perto da natureza faz-nos preparar melhor as estações. E estas quando se tem um quintal mudam-nos os hábitos. Por exemplo, muita gente não entende porque no Verão jantamos sempre mais tarde que no Inverno. A questão é simples, no Inverno quando se chega do trabalho é noite, no Verão é dia.
Normalmente, no Verão, o meu namorado quase todos os dias trata do jardim, ora umas coisas, ora outras. Vivemos muito mais o exterior. Mas agora ele chega a casa já de noite, não dá para fazer nada, ao fim-de-semana se estiver a chover também não dá. O Outuno e o Inverno com algumas condicionantes são épocas de preparar o jardim para o renascer que virá mais tarde. Tarefas como apanhar folhas, revolver a terra, comprar novos bolbos, podar roseiras, etc. Para na Primavera tudo nascer com mais harmonia.
Às vezes, não pensamos nisso, mas acho que também o devíamos fazer a nível pessoal, o Outono devia ser um tempo de pensamento e reflexão sobre nós mesmos. Mas para reflectir é preciso ter tempo, nem todos o temos e nem todos o queremos ter.
E assim, aqui no quintal agora vão cair as folhas, as flores vão morrendo aos poucos, a terra vai ficar molhada, a chuva trará nutrientes importantes, as ervas se o Sol aparecer vão crescer. Todos os dias, todos os anos é assim, há imenso tempo.
Para travar o crescimento de ervas sem fim nos canteiros, o meu namorado está a cobri-los com casca de pinheiro que trouxemos da terra dele. Adoro ver a casca do pinheiro, mais uma vez a natureza fornece tudo o que é necessário. Com o tempo, a casca vai-se degradando e integra-se no solo.
O problema desta tarefa é que ainda deverá demorar bastante a estar concluída. Ele agora chega sempre a casa de noite, é preciso esperar que a metereologia permita fazer alguma coisa aos fim-de-semana. Mas é isto que é a agricultura e a jardinagem são um misto de persistência, paciência e um ciclo interminável. Às vezes, acho que me falta a paciência, mas acho que as actividades ligadas à terra e aos animais nos fazem entender melhor o ciclo das coisas, os tempos essenciais. No fundo, acho que este é o verdadeiro mundo, onde se nasce, cresce e morre e tudo se transforma. Um mundo muito mais verdadeiro e perto da essência humana do que o mundo inventado do glamour e das coisas supérfluas que criámos para preencherem o nosso quotidiano. Não sei bem porquê, mas ao escrever isto lembrei-me de um dos meus livros preferidos, A Quinta dos Animais (Animal Farm).
Aqui ficam algumas imagens do nosso jardim, fotografias já tiradas em Outubro, depois das primeiras chuvas.
A alfazema Imagem própria |
A casca de pinheiro com os cravos, as rosas, a alfazema e a framboesa Imagem própria |
São rosas... Rosas em Outubro? Imagem própria |
Restos marítimos, uma âncora e um antigo pote da pesca do polvo, usado agora como vaso Imagem própria |
Uma rosa matizada, esta foi comprada já assim, mas é comum nascerem algumas assim quando duas roseiras diferentes estão muito próximas Imagem própria |
A relva e o baloiço que foi aqui posto quando eu era pequena (reutilizando uma velha cadeira de autocarro), o meu bebé já tem um baloiço à espera dele Imagem própria |
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